Orientador Educacional: papel estratégico para a melhor experiência acadêmica do aluno em IES

Oferecer metodologias inovadoras e informações atualizadas sobre os cursos e as respectivas profissões é um desafio para as IES (Instituições de Educação Superior). Nesse cenário, o Orientador Educacional é visto como profissional indispensável no auxílio ao discente durante toda a trilha de aprendizagem, desde o ingresso na universidade, até o preparo para a entrada no mercado, que traz novos caminhos de atuação, constantes mudanças e desafios.

E na busca de um olhar cada vez mais personalizado e próximo dos alunos, quais foram as transformações desse profissional dentro das IES? O Blog da Minha Biblioteca foi buscar essa e outras respostas com João Paulo Miranda – Coordenação de Ensino no grupo Afya Educacional e Marina Silveira de Resende – Coordenação Psicopedagógica no grupo Afya Educacional. Segundo eles, o entendimento de Orientador Educacional diverge entre as propostas curriculares e precisa ser bem delineado pelas instituições para que os papéis não se confundam e para que o estudante tenha a melhor experiência de aprendizado. 

Confira na entrevista.

MB – O que mudou, nos últimos anos, no que deve ser orientado aos alunos desde o seu ingresso na universidade?

João P. Miranda – Hoje, tem-se investido mais na trajetória do aluno e em formas de reconhecer os diversos estilos de aprendizagem, com metodologias inovadoras que ganharam notoriedade no Ensino Superior nos anos 2000, com a definição das Diretrizes Curriculares Nacionais, a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996. Esse movimento está intrinsecamente relacionado à personalização do ensino, que considera o aluno como protagonista do seu processo de aprendizagem. Além disso, nos dias de hoje, vem ganhando destaque, tanto na literatura quanto no currículo, o autoconhecimento, o pensamento crítico-reflexivo, a aprendizagem colaborativa e o papel do professor como direcionador ou orientador dessas aprendizagens.

Marina Resende – Passamos por um período de reestruturação dos nossos cursos de graduação, os novos currículos buscam integrar áreas de conhecimento e estão focados no desenvolvimento de habilidades e competências profissionais. Estas mudanças proporcionaram um olhar mais atento ao aluno e a sua jornada acadêmica indo além da matriz curricular, pois apoiamos o discente na construção de seu projeto de vida e em seu desenvolvimento, além da sala de aula, com foco não apenas nas hard skills, mas nas soft skills, necessárias para o seu futuro profissional, carreira e trabalhabilidade.

MB – Qual o perfil exigido para um Orientador Educacional nas IES atualmente e quais as qualificações deve ter?

João P. MirandaO entendimento de Orientador Educacional diverge entre as propostas curriculares e precisa ser bem delineado para que os papéis não se confundam e para que o aluno tenha a melhor experiência de aprendizagem. Por isso, as IES precisam definir, da forma mais clara possível, qual é a função dele.

De um lado, esse profissional pode ter como tarefa a tutoria, precisando, para isso, de formação acadêmica adequada para o componente curricular e experiência em tutoria, além de poder desempenhar a função de orientador de projetos de pesquisa ou extensão. De outro lado, temos a figura do Orientador Educacional como aquele que acompanha o processo de aprendizagem do aluno, a fim de verificar oportunidades de melhoria e direcioná-lo, junto do tutor, para o caminho da aprendizagem adequada. Nesse caso, é essencial que esse profissional tenha formação em Psicologia e/ou Psicopedagogia.

Marina ResendeAqui na Afya, a figura do Orientador Educacional, vinculado ao Núcleo de Experiência Discente (NED), contribui no desenvolvimento de habilidades comportamentais que ajudarão o aluno a alcançar o destaque acadêmico e profissional, como, por exemplo, identificar seu estilo e desenvolver suas estratégias de aprendizagem, gerir melhor seu tempo (estratégias de planejamento), autoconhecimento, ser colaborativo e ter flexibilidade, e a se comunicar de forma eficiente, características importantes para o futuro profissional em qualquer área de atuação.

MB – A presença de um Orientador Educacional é uma estratégia essencial a ser adotada pelas IES? Quais as outras vantagens para a instituição?

João P. MirandaQualquer que seja a atuação do Orientador, ele precisa compreender o aluno em suas variadas dimensões. Assim, as IES devem proporcionar o apoio integral ao aluno, buscando identificar os obstáculos estruturais e funcionais ao pleno desenvolvimento do processo educacional. Com isso, coloca-se o discente no centro do processo de ensino-aprendizagem, o que aumenta a sua satisfação e a consequente promoção da instituição de ensino por ele, fazendo com que este esteja mais propenso a permanecer em uma instituição que o acolhe e leva em consideração seu desenvolvimento como um todo.

Marina Resende – A presença de um orientador ou de um núcleo voltado para a orientação e a experiência discente é sim uma ferramenta essencial a ser adotada pelas IES. É preciso acolher o aluno em todos os aspectos que vão além da sala de aula. Por isso, é importante compreender o aspecto único de cada um e propiciar um ambiente de desenvolvimento e orientação. Assim, a ação desse núcleo pode ter reflexo no clima institucional, no desempenho, na satisfação e na retenção discente.

MB – Em qual momento da graduação o Orientador deve estar presente para os alunos?

João P. MirandaA figura do Orientador Educacional precisa estar presente em todo o percurso de aprendizagem do aluno no curso de graduação, seja como orientador de trabalhos de curso ou tutor, seja como apoio às aprendizagens. No que diz respeito à carreira, o desenho curricular já deve oportunizar conhecimentos, habilidades e atitudes para as competências profissionais e estar alinhado a programas para a inserção do egresso no mercado de trabalho. 

Marina Resende – Tão importante quanto um bom projeto pedagógico, bons professores, bons cenários e materiais de práticas é a presença de uma equipe/núcleo de orientação educacional, uma vez que a motivação, o bem-estar e o pertencimento são fatores intrínsecos ao processo de aprendizagem. Com isso, esta equipe e/ou profissional deve atuar durante toda a graduação do aluno com a atenção voltada para além da sala, englobando as questões humanas, existências, da carreira e trabalhabilidade.

MB – Há um tempo ideal para se desenvolver essa orientação? Esse acompanhamento é apenas presencial ou existem recursos tecnológicos que ajudam no processo?

João P. MirandaDesde o primeiro período do curso de graduação, o aluno deve estar inserido em cenários, práticas ou atividades para que possa desenvolver as competências necessárias para o mundo do trabalho. Com isso, a orientação educacional vai se intensificando à medida que o aluno acumula experiências de aprendizagem em seu percurso formativo. 

Sendo assim, as IES devem oportunizar um leque variado de cenários de aprendizagem, para que o aluno tenha contato com uma gama de oportunidades, com vistas ao enriquecimento de sua experiência. Para isso, pode-se utilizar de tecnologias que auxiliem o discente no processo de ensino-aprendizagem e estejam alinhadas ao perfil do egresso que se deseja formar.

Atualmente, as plataformas de empregabilidade ou trabalhabilidade vêm conquistando espaço no auxílio à gestão de carreiras no âmbito da educação.

Marina Resende – Hoje temos um acompanhamento do aluno de forma híbrida, tanto presencial quanto on-line. E a Afya tem investido em plataformas tecnológicas para o preparo de seus estudantes para o novo mundo de trabalho e ferramentas capazes de oferecer treinamentos e cursos online, assim como a mentoria acadêmica e o acolhimento psicológico.

“O orientador educacional contribui no processo de autoconhecimento, metacognição e autonomia do aluno, com o objetivo de tornar a vida acadêmica uma experiência extraordinária” (João Paulo Miranda)

MB – É comum que os alunos tenham uma concepção errada do curso ou da profissão quando chegam ao Ensino Superior? Como um orientador pode auxiliá-los nesse sentido?

João P. MirandaAcredito que as IES têm investido cada vez mais em atrair o aluno certo para o curso certo, como estratégia na melhora da experiência dele. Isso se revela no acolhimento que se faz ao estudante antes mesmo de ingressar na graduação, investindo-se em comunicação por meio de redes sociais, gamificação e materiais de apoio para que o discente possa visualizar seu percurso dentro do curso e tenha uma experiência o mais personalizada possível. 

Por isso, a importância de se ver o aluno como sujeito único e de uma perspectiva integral, desde o vestibular até a pós-graduação, respeitando seus estilos de aprendizagem e valorizando processos de autoconhecimento, com apoio do orientador educacional.

Marina Resende – Apesar do acompanhamento do aluno desde o processo seletivo, há sim situações em que ele pode sentir que escolheu o curso errado (por pressão ou dúvidas no momento do vestibular) ou desenvolver, ao longo do seu curso novos interesses que o levam a questionar se aquela é realmente a graduação de “seus sonhos”. Por isso, as IES devem contar com uma equipe preparada para acolher o estudante neste momento de dúvida. Conversar com profissionais capacitados para a orientação e reorientação profissional é imprescindível para uma transição segura ou para uma reconexão com o curso em andamento. 

MB – Quais as características mais comuns do aluno que busca apoio de um Orientador Educacional? 

João P. MirandaMuito mais do que caracterizar e descrever o perfil desse aluno, deve-se investir nas redes de apoio ao discente de forma ampla, oferecendo acesso à informação e proporcionando acolhimento. Do orientador, o aluno deve esperar um profissional preparado a orientá-lo nos desafios mais prevalentes na vida acadêmica e profissional, além de saber direcioná-lo para outras instâncias de apoio, se este for o caso.

Marina Resende – De forma geral, vemos no ensino superior hoje um encontro de gerações, o perfil é múltiplo, diverso, temos alunos da geração Z, assim como temos alunos da geração X e Y. É preciso que a IES esteja preparada para acolher a todos, entendendo suas caraterísticas e potencialidades, desenvolvendo estratégias para a promoção do bem-estar acadêmico e auxiliando todos nas possíveis dificuldades relacionadas à aprendizagem, ao planejamento e à adaptação. A instituição precisa possibilitar um ambiente acessível e inclusivo. A orientação educacional deve atender a todos, não restringindo sua atenção aos alunos que apresentam questões disciplinares ou dificuldades de aprendizagem. 

MB – Como definiria as contribuições de um Orientador Educacional para o aprimoramento das habilidades e competências do discente?

João P. Miranda – Ele precisa estar alinhado com essas habilidades e competências do perfil do egresso, para que possa orientá-lo na aquisição das soft e hard skills essenciais ao pleno desenvolvimento de suas atividades no mercado de trabalho. Com isso, o Orientador Educacional contribui no processo de autoconhecimento, metacognição e autonomia do aluno, com o objetivo de tornar a vida acadêmica uma experiência extraordinária. 

Marina Resende – O orientador educacional é o mediador e representante do aluno, e o ajuda a encontrar o equilíbrio e a se desenvolver para além da graduação e do mercado de trabalho. Assim, os orientadores educacionais têm o compromisso com a formação permanente de valores e atitudes do discente, criando espaço que possibilitem o autoconhecimento e o sentido do futuro profissional, assim como a consciência crítica. 

*A opinião dos entrevistados não expressa, necessariamente, o posicionamento do Blog da Minha Biblioteca.

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