Iniciativa leva interação e brincadeiras para o ano letivo

Aprender enquanto projeta uma montanha-russa, simular voos, mergulhar em viagens no tempo e destrinchar invenções, tendo à disposição uma biblioteca de aplicativos e jogos educativos. Imagina se os alunos pudessem desenvolver essas e outras atividades em sala de aula? Essa é a concepção de currículo e desenho escolar da PlayMaker School. Criada pela GameDesk Institute e financiada pela Bill & Melinda Gates Foundation, a iniciativa pretende emponderar os alunos ao criar uma relação significativa com o conhecimento, por meio da interação, da brincadeira e da construção.

Iniciada em 2008, o desafio começou quando a GameDesk, uma organização de pesquisa e desenvolvimento de games, foi criada por um grupo de alunos e professores da University of Southern California (USC). A iniciativa foi desenvolvida por alunos do ensino básico interessados em estudar e lançar iniciativas para engajar, por meio de recursos tecnológicos, especialmente aqueles com baixo rendimento escolar. Dois anos depois, eles receberam o financiamento da Bill and Melinda Gates Foundation, com a missão de criar um novo modelo de escola baseado nas pesquisas bem-sucedidas.

A primeira experiência foi realizada em 2012, com 36 alunos do 6º ano de uma das escolas da rede New Roads, em Los Angeles, nos Estados Unidos. Desde então, o projeto foi testado em outras escolas da rede e atualmente passa por uma reformulação, a fim de ser disponibilizado para o setor público de educação.

Padrões acadêmicos

O modelo proposto pela PlayMaker traz um currículo que atende aos padrões acadêmicos estabelecidos pelo sistema de ensino local. Ele é dividido em módulos temáticos, que integram diferentes disciplinas e incluem atividades como jogos, pesquisas, desenho de projetos, produção de mídia e encenações teatrais, entre várias outras. Os módulos temáticos também possibilitam trajetórias de aprendizado distintas para cada aluno, de acordo com seus interesses e necessidades.

Cada estudante recebe um Mapa da Aventura, uma ferramenta personalizada e interativa em que a sequência de módulos daquele ano letivo é escolhida e monitorada pelo próprio aluno e acompanhada pelos professores, que analisam o progresso e sugerem módulos específicos caso algum déficit de aprendizado seja evidenciado. A plataforma também é útil para os pais, que podem acompanhar o percurso escolar dos seus filhos e quais competências e habilidades estão sendo aprendidas.

Com o Mapa da Aventura, os alunos podem rastrear visualmente onde eles começaram, onde os seus interesses os levaram até então, quais as conexões entre os assuntos abordados nos módulos completados e as possibilidades de trajetos a partir dali. Por exemplo, durante o módulo Ciência Grafite, o aluno grafita representações dos conceitos científicos apresentados pelo professor e pode, durante o processo, optar por desenvolver mais as suas habilidades artísticas ou focar nos estudos científicos.

Para analisar o progresso dos alunos dentro desse modelo, as avaliações são uma mistura de provas tradicionais, de entrevistas com os estudantes e do que foi produzido por eles nos projetos realizados ao longo do ano. Além de inovações no currículo, a PlayMaker também propõe um novo desenho das escolas, com espaços pensados como de exploração, onde os alunos vão fazer descobertas, jogar, construir e aprender.

Nesses ambientes colaborativos, o professor não fica posicionado na frente da turma, mas perambula pela sala, oferecendo conselhos e instruções. Um dos ambientes é o Espaço de Construção, destinado à realização teórica e prática de trabalhos individuais e em grupo. Já a Sala de Aventura abriga todos os recursos tecnológicos para o aprendizado, com telas planas de plasma, sistema de captura de movimento e de projeção no chão. No DreamLab (laboratório de sonhos), as paredes brancas e inclinadas são destinadas a desenhos, pinturas, brainstorming e o que mais a criatividade mandar.

Como em qualquer iniciativa inovadora, a PlayMaker demanda um período de ajuste não só para os professores, que são constantemente treinados e preparados para serem multiplicadores desse modelo, mas também para os alunos.

Via: Porvir