Dia do Arquiteto: é hora de repensar o ensino de Arquitetura?

A chance de criar espaços diversos, somada às inovações e transformações comportamentais no lar, empresas ou área urbana, é um estímulo para os estudantes posicionarem o curso de Arquitetura entre os preferidos, como por exemplo na FUVEST (Fundação Universitária para o Vestibular), em que ficou entre os 15 mais concorridos este ano.

Como as IES (Instituições de Educação Superior) estão atuando e preparando os profissionais para agir nas atuais e futuras demandas? Esta e outras questões foram abordadas no bate-papo do Blog da Minha Biblioteca com o Prof. Dr. Lucas Fehr, Coordenador do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie e a Prof. Dra. Vânia Raquel Teles Loureiro, docente da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB). A entrevista é uma homenagem ao Dia do Arquiteto, comemorado hoje, 15 de dezembro. 

Um novo olhar para Arquitetura 

O isolamento social, durante a pandemia, mudou a configuração de casa, trabalho e lazer e criou outra relação das pessoas com esses espaços. Neste cenário, a Arquitetura foi mais notada, num convívio que precisava conciliar todas as atividades de forma organizada, com praticidade e conforto “A combinação da vida doméstica e trabalho ficou mais comum e intensa. Pessoas e empresas perceberam vantagens nesta associação, mas a ampla convivência gerou certos conflitos e a arquitetura ganhou papel importante ao organizar novos espaços, que passaram a ser mais necessários que antes. A flexibilidade também aconteceu em áreas comuns, em condomínios, coabitação e cotrabalho”, analisa o Prof. Dr. Lucas Fehr, da FAU-Mackenzie

Para a Prof. Dra. Vânia Loureiro, da UnB, âmbitos da vida e das profissões foram colocados em perspectiva e permanecer mais tempo no lar despertou maior atenção para arquitetura de interiores. “A casa passou a receber mais funções, como os espaços urbanos também, pela importância de atividades em áreas livres, para sociabilização, mas de uma forma mais segura. Por isso, arquitetos e urbanistas precisam estar atentos às qualidades socioespaciais do que projetam, a partir de uma profunda compreensão das dinâmicas sociais específicas do contexto presente”.

Cursos alinhados com a demanda da sociedade

Com as novas demandas na ocupação dos espaços residenciais, corporativos ou urbanos, adequados a conceitos de responsabilidade socioambientais, formar profissionais ainda mais preparados passou a ser uma exigência para as IES.

Para o Prof. Dr. Lucas Fehr, os bons cursos devem ser dinâmicos e com uma estrutura que possibilite incorporar inovações pedagógicas e tecnológicas. “Isso não significa o abandono daquilo que os qualifica, como uma adequada relação numérica e qualitativa de professores e alunos, uma base de apoio pedagógico e um ambiente acadêmico favorável, mas sim estar atento e na vanguarda das mudanças na sociedade”.

E como o ensino pode se manter relevante em tempos de inovações, a docente da UnB  observa que, em especial numa instituição pública, há um amplo espectro de conteúdos, formatos e encontros que fazem parte do percurso formativo do estudante. “É um processo robusto de formação que precisa se flexibilizar sempre e compreender a sociedade em que se insere e, quanto menos engessado, mais irá acompanhar e contribuir para as mudanças atuais e as que virão”. Para ela, é necessário rever é a ideia de que a universidade é superior em termos de produção de conhecimento. “É essencial garantir atenção para os saberes tradicionais, para o papel das tecnologias, junto à sociedade, e para aquelas já usadas e produzidas pela população. A extensão, associada ao ensino e pesquisa, é primordial para não esquecer esse olhar incessante, para fora e para dentro, que a instituição precisa manter, inclusive para aproximar o arquiteto das demandas reais hoje e nos próximos anos”.

Se renovar e atender às expectativas dos estudantes são desafios constantes das IES, na FAU-Mackenzie este caminho está sendo trilhado, como explica o Prof. Dr. Lucas. “Nosso PPC (Projeto Pedagógico de Curso) passou por várias atualizações e renovações. O que está em vigor foi aprovado em 2017. Nesta última reforma, intensificou-se o maior protagonismo do estudante, reforçando sua formação alicerçada em competências e habilidades, em bases ética e crítica, atenta com os graves problemas da sociedade e do meio ambiente, sem perder de vista a ótima formação técnica e profissional, bem embasada teoricamente”. 

A opção foi adotar estratégias de integração de conteúdos técnicos, teóricos e práticos, visando a superação da fragmentação das antigas disciplinas, como a criação de Ateliês e Estúdios, que integram vários conteúdos, em um ambiente de ensino de grande proximidade estudante- professor. “Esta proposta abrange todos os componentes curriculares,  através de um contexto integrador, coordenado por um Grupo de Trabalho, constituído por docentes e discentes, organizado em cada semestre. Ampliamos o rol de optativas, antenados às necessidades da sociedade e às novas tecnologias e a possibilidade maior do estudante as frequentar. A atual revisão visa incorporar a curricularização da Extensão, conforme estabelece a portaria no 7 do CNE (Conselho Nacional de Educação), já em vigor no curso, em que todos os componentes participam, como oficinas, que envolvem agentes internos e externos e encaminham as ações ao longo do semestre”, detalha.

Na UnB, esta jornada da obrigatoriedade da inserção curricular da Extensão, para todos os cursos do Ensino Superior, a partir de 2023, foi o motor principal de mudanças. “Essa requisição de que o curso de Arquitetura e Urbanismo passaria a ter 10% dos seus créditos obrigatórios dedicados à Extensão motivou uma revisão curricular que está em finalização. Um processo discutido, desde 2018, no Departamento de Projeto, Representação e Expressão, que integro, além dos Departamentos de Teoria e História e de Tecnologia, sempre com muita disposição e dedicação dos docentes nos debates e proposições”, detalha a Prof. Dra. Vânia Loureiro. 

Ela ressalta que havia uma clara demanda pela redução da carga obrigatória, por parte dos estudantes, pelo ‘inchamento’ do currículo e sobrecarga de trabalhos que, em alguns casos ao longo da formação, trouxeram certos desgastes psicológicos. “As estratégias, definidas pelo NDE (Núcleo Docente Estruturante) e departamentos, também passam pela criação de uma disciplina dedicada à Extensão, implementação de práticas nas disciplinas de projeto e a redução de créditos obrigatórios no currículo, com a inserção de um semestre de ‘identidade profissional’, em que o estudante poderá escolher entre disciplinas optativas, com temáticas de especialização. As alterações respondem à demanda por flexibilização, no processo de aprendizagem, e práticas de ensino que aproximem a universidade da sociedade, com significativo aumento da autonomia estudantil”, explica.

Aplicabilidade da Tecnologia 

O impacto da tecnologia, na forma de estudar e aprender, também se integra na atual grade de formação, através de metodologias ativas, soft e hard skills e na postura do aluno. “Há tempos colocamos o estudante como protagonista sem, no entanto, perder a grande proximidade e contato direto professor-estudante. É fundamental no seu aprendizado, baseado em ações práticas–projetuais a partir de temas/problemas e contextos que lhe são apresentados”, diz o Prof. Dr. Lucas, que observa que a pandemia mudou algumas rotas. 

“Naquele momento, as aulas se tornaram remotas, mas sempre síncronas. Algumas estratégias foram assumidas como possíveis complementaridades ao ensino, como webinars, workshops etc., mas sem assumir o caráter de EaD. Se tem reforçado a aplicação de ações para consolidar as soft skills, com programas que envolvem os professores, as unidades e seus componentes curriculares, como o Fórum de Aprendizagem Transformadora”

A Prof. Dra. Vânia Loureiro concorda com o valor da tecnologia nos processos de estudo-aprendizagem. “Raras serão as oportunidades em que os recursos digitais não serão usados de uma forma ou de outra. Mas destacaria duas: a tecnologia como meio nos processos de aprendizagem em projeto, análise e pesquisas, como as geotecnologias ou SIG, softwares de simulação e avaliação de desempenhos, que produzem informações essenciais na produção técnica do conhecimento especializado. E aquela mais vinculada ao modo de representar e aproximar o exercício de projeto da construção e manutenção do espaço produzido, como a tecnologia BIM (Building Information Modeling) e seus desdobramentos. Vale pontuar não só o quanto a tecnologia intervém nos processos de aprendizagem como ferramenta, integrando as habilidades que se esperam dos alunos, mas como parte de um processo crítico e sensível, capaz de tirar partido dela, sem que isso se sobreponha à intencionalidade de saber reconhecer o contexto socioeconômico e ambiental e como é urgente colocar em perspectiva a realidade à qual a arquitetura precisa responder”.

O Coordenador do Curso de Arquitetura da FAU-Mackenzie lembra que na busca de uma formação equilibrada, entre conhecimentos e tecnologia, os estudantes também têm à disposição recursos que permitem uma ação articulada de estudo-aprendizagem, como laboratórios de Informática, Produção (canteiro, marcenaria, prototipagem etc.), biblioteca e outros ambientes de estudo. “Tudo possibilita uma aprendizagem integrada e sua permanência por mais tempo no ambiente acadêmico. Os resultados podem ser apurados pela qualidade e posicionamento de nossos egressos, que conseguem se colocar no mercado de trabalho, com enorme aceitação, e os inúmeros prêmios que conquistam em concursos nacionais e internacionais. Fora isso, os índices de avaliação, como Quero/RUF, e oficiais, como ENADE, são bastante favoráveis”.

Em relação às metodologias adotadas pela UnB, a Prof. Dra. Vânia  pontua que o leque de temáticas e metodologias de pesquisa, ensino e extensão, que permeiam o curso, também é diverso. “Destaco dois caminhos, de minha experiência, que considero modos pertinentes de ver e utilizar a tecnologia. O primeiro é a herança nos estudos de avaliação de desempenho do espaço construído, por metodologias de análise morfológica (grupo de pesquisa DIMPU – Dimensões Morfológicas do Processo de Urbanização), que permitiu processos de diagnóstico e projeto, com base em conhecimento especializado – o desenho urbano visto como campo disciplinar. O segundo, o Grupo de Pesquisa e Extensão “Periférico, trabalhos emergentes” perifericounb.com, que tem proximidade com o primeiro, mas com foco em metodologias de pesquisa-ação, nos processos de projeto e assessoria técnica em territórios periféricos aproximando ensino e pesquisa de demandas reais da sociedade, bem como a produção dialógica do conhecimento e a autonomia estudantil. Se trabalha com conceitos importantes para uma prática da Arquitetura que enxerga as desigualdades socioambientais, como a tecnologia social”.

Grade Curricular Assertiva

Inserir na grade curricular disciplinas ainda mais assertivas, pensando na Arquitetura que privilegia também Saúde, Bem-estar, Conforto, Empreendedorismo e UrbanTechs é outro passo a vencer, mas para o Prof. Dr. Lucas já faz parte da atual rotina. “Nosso curso incorpora componentes curriculares com estas preocupações, mas a flexibilidade dos Estúdios e Ateliê, a constante revisão e atualização do PPC e dos próprios componentes, suas estratégias e conteúdos, facilitam este tipo de ação”. 

Para Prof. Dra. Vânia é urgente que a prática do ensino se dê no reconhecimento de demandas da sociedade em geral e não apenas daqueles que podem pagar o trabalho do arquiteto. “Olhar de frente as desigualdades, cada dia mais acirradas, e entender como nossa prática profissional pode melhorar esse cenário é um caminho poucas vezes mencionado quando se prospecta sobre o profissional do futuro. Nesse sentido, a inserção da Extensão no currículo vai certamente contribuir para essa aproximação”, analisa.

“Me parece urgente entender e expandir formatos em que o arquiteto possa atuar com as diversas camadas da sociedade e suas múltiplas demandas. Apesar dos esforços, há um longo trabalho a fazer nesse sentido” – Prof. Dra. Vânia Raquel Teles Loureiro

Num processo de mudanças da forma que se projeta e se constrói, o uso de materiais sustentáveis, menos desperdício, necessidades de descarbonizar e descolonizar, começam a ser foco nas bases do ensino-aprendizado. “Esta é uma preocupação permanente em nosso curso. A constante atualização dos docentes,  nos grupos de pesquisa e na atuação no mercado, auxilia a trazer, com frequência, este debate que acaba por ser incorporado às estratégias de ensino. A proximidade com associações e empresas é outro procedimento auxiliar, como o acompanhamento sistemático destas evoluções pelos canais de comunicação e difusão”. O coordenador da FAU-Mackenzie ressalta que a pesquisa é forte e estimulada na universidade, inclusive com financiamento próprio, o que reflete as preocupações e pautas contínuas, em relação a estas questões.   

A professora adjunta da UnB enfatiza que ao se trilhar um percurso formativo, cada vez mais há  exemplos que se incorporam às estratégias que visam estimular um pensamento mais sustentável do arquiteto. “A institucionalização da Extensão tem vindo a se revelar expressiva na garantia de espaços onde o ensino e a pesquisa dialogam com vários setores da sociedade, movimentos sociais, comunidades, grupos organizados, estimulando, a meu ver, uma decolonialização da produção do conhecimento.”

Áreas de Transformação

Privilegiar a robotização e automatização, que tendem a transformar a Arquitetura e Design do Futuro, também figuram na matriz curricular. “Na FAU-Mackenzie os docentes são pioneiros em novas tecnologias, o que facilita esta implementação, tanto em estudos urbanos, projetos e demais avanços que, de certa forma, vão alterando a profissão”, explica o Prof. Dr. Lucas Fehr. 

“Eu tendo a ver o advento tecnológico como uma oferta de possibilidades para o campo disciplinar da Arquitetura. Nossos docentes são especialistas em diversos âmbitos tecnológicos, desde BIM, Realidade virtual e sistemas de simulação, Impressão 3D, estudos territoriais envolvendo complexidade de dados, Sistemas de informação Geográfica, entre tantos outros. ”, avalia a Prof. Dra. Vânia Loureiro. “É preciso não reproduzir moldes de outras regiões, mas adaptar e tirar partido das excelentes ferramentas tecnológicas para o contexto e as demandas ao nosso redor, através do acesso livre a plataformas de análise e bases de dados complexas, num aspecto da revolução digital que pode permitir uma democratização do acesso da população à arquitetura”.

Neste universo tecnológico e sua aplicabilidade na Arquitetura, o Metaverso exige ainda mais investigação e a Inteligência Artificial é apontada como um caminho que provocará transformação na forma como serão projetados os edifícios. “O desafio é inserir essas inovações, processos e procedimentos, cada vez mais complexos, sem perder elementos básicos da Arquitetura e Urbanismo, que caracterizam sua proximidade a valores e necessidades humanas”, argumenta o Prof. Dr. Lucas Fehr. 

Para a Prof. Dra. Vânia Loureiro, a vertente tecnológica passa sim pelo uso automatizado, em questões estruturais e formais, de conforto ou redes, mas salienta que a Arquitetura trata do âmbito das ciências sociais aplicadas e, portanto, sua prática detém níveis de análise não quantitativa ou mais subjetiva. “Temo que, como já vivemos períodos de estratégias impositivas, que desumanizaram a concepção de cidade, como as teorias modernistas de segregação de usos e atividades, com foco higienista e rodoviarista, possamos perder a impregnação das subjetividades sociais inerentes à vida e às redes de solidariedade”.

Oportunidades na Carreira 

A atual geração de arquitetos, vista como mais conectada e consciente, que investe no networking, na proximidade de clientes e busca uma imagem de um profissional mais “acessível”, projeta novas oportunidades no mercado e a democratização da Arquitetura. Para o Prof. Dr. Lucas Fehr, “o caminho parece ser uma integração de arquitetos mais experientes, com sua visão e vivências, com os mais jovens, mais conectados às inovações e contemporaneidades”, diz o Prof. Dr. Lucas Fehr. 

“Na prática, as estatísticas têm mostrado que os arquitetos trabalham para uma pequena parcela da sociedade. Por isso, me parece urgente entender e expandir formatos em que eles possam atuar com as diversas camadas da sociedade e suas múltiplas demandas. Apesar dos esforços, há um longo trabalho a fazer nesse sentido”, analisa a docente da UnB.  

“Os arquitetos e urbanistas devem ter uma formação ética, preocupada não só com as grandes questões do planeta, mas da humanidade, da sociedade e da profissão, em busca de constante atualização e reflexão” – Prof. Dr. Lucas Fehr

Então, para quais rumos as atuais vertentes da Arquitetura apontam? “Não é uma resposta simples”, diz Prof. Dr. Lucas Fehr. “Não é fácil definir o ‘espírito da época’ atual. Há várias correntes, com salutar foco sustentável, incorporação de práticas e técnicas vernáculas ou locais e outras que projetam o desenvolvimento e aperfeiçoamento de uma arquitetura herdeira de práticas modernas, com novas tecnologias, formulações, tanto estéticas como espaciais, além da preocupação da integração com o urbano, a cidade e seu patrimônio construído e humano”.  Para a Prof. Dra. Vânia, “as necessidades passam pelos contextos que dizem respeito ao espaço construído e suas modificações ou avaliações, na escala do edifício ou urbana”.

O futuro Arquiteto

Formar arquitetos-cidadãos também está nas estratégias das duas universidades, atentas às mudanças do futuro do planeta. “É essencial desenvolver o espírito crítico e investigativo dos estudantes, além de dotá-los da melhor capacidade técnica e conceitual possível. As mudanças são exponenciais, portanto, contínuas. O aprendizado não cessará. Os arquitetos e urbanistas devem ter uma formação ética,  preocupada não só com as grandes questões do planeta, mas da humanidade, da sociedade e da profissão, em busca de constante atualização e reflexão”, projeta o Prof. Dr. Fehr.   

“Ainda que a solução passe por uma construção complexa de caminhos e oportunidades formativas de níveis diversos, a aproximação do ensino à sociedade é o prioritário, com práticas extensionistas que estimulem a autonomia estudantil e o manuseio das metodologias de projeto, lembrando que as práticas coletivas de aprendizagem reforçam o papel da construção complexa e multidisciplinar como mais efetiva do que a autoral individualista”, enfatiza a Prof. Dra. Vânia Loureiro.

*A opinião dos entrevistados não expressa, necessariamente, o posicionamento do Blog da Minha Biblioteca.

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