Os desafios e caminhos para a Capacitação dos Docentes

Os desafios e caminhos para a Capacitação dos Docentes

A imersão digital que vivenciamos nos últimos dois anos transformou diversos setores da sociedade, em especial a Educação. Muitos paradigmas foram rompidos para dar ênfase à inovação e ressignificar o papel do docente. A utilização de metodologias modernas exigiu um novo olhar e uma preocupação ainda maior com a capacitação desses profissionais.

Quais os caminhos que os professores podem explorar e os modelos adotados pelas IES (Instituições de Educação Superior) para aprimorar as competências dos educadores como estimuladores do conhecimento, oferecendo novas dinâmicas nas metodologias de aprendizagem?

O Blog da Minha Biblioteca conversou com três docentes: Patricia Gabriela Viana Mantoanelli (UNISA), Cristina Alves Christiano (UNIGRANRIO-AFYA)  e Rosival Carvalho (UCSal), para saber um pouco mais sobre os processos de capacitação nas universidades, os desafios no uso dos recursos tecnológicos e o futuro da educação. 

Os desafios e caminhos para a Capacitação dos Docentes

Para Patricia Gabriela Viana Mantoanelli, coordenadora do curso de Odontologia da UNISA e presidente da Comissão Permanente de Desenvolvimento Docente da Universidade, o papel das Instituições de Educação Superior é fundamental para o desenvolvimento de seus docentes e prover ferramentas para o aperfeiçoamento dos professores consiste em uma estratégia de valorização do profissional e da própria instituição. 

“Na UNISA temos instituída a Comissão Permanente de Desenvolvimento Docente, cujo objetivo é identificar as necessidades da equipe e oferecer atividades voltadas para o aprimoramento dos nossos professores, trazendo temas atuais e de interesse. Professores qualificados e motivados incentivam o desenvolvimento acadêmico dos estudantes e o vínculo estabelecido entre eles valoriza a instituição. Por este motivo o olhar da universidade para os seus docentes é tão importante”, afirma.

Patricia Mantoanelli destaca que as atividades voltadas à capacitação dos professores na universidade ocorrem na semana de recepção, no início dos semestres letivos e, também, no decorrer do ano, com atividades mensais que são pautadas por diagnósticos situacionais e pesquisas de reação. Para ela, o desenvolvimento de competências envolve novos conhecimentos e habilidades, pois ao estimular esse aprimoramento, todos da comunidade acadêmica são beneficiados. “Nós, professores, devemos estar em aprendizado contínuo, focados no protagonismo do estudante, onde o docente passa a ser o mediador da aquisição de conhecimento”, ressalta.

Questionada sobre o que esperar para o futuro, quando pensamos em aprendizagem, tecnologia e postura do docente, a coordenadora é enfática: “Os recursos tecnológicos são fortes aliados dos professores para otimizar o processo de ensino-aprendizagem e de interação com os estudantes e com o mercado de trabalho”.

Os desafios e caminhos para a Capacitação dos Docentes

Cristina Alves Christiano, Profa. Adjunto Mestre da UNIGRANRIO-AFYA, Doutora em Humanidades, Culturas e Artes, observa que desde que começou suas atividades na Instituição, há 16 anos, acompanha o projeto de capacitação docente e treinamento administrativo da universidade. “A AFYA tem um forte apelo na formação dos professores. Fiz 24 trilhas e possuo, até o momento, 55 certificados, fruto dessas iniciativas. São oferecidos vários temas de capacitação para acadêmicos e, também, setor administrativo”. Ela destaca, como exemplos, programas sobre Código de Ética e Conduta; LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais);  Insider Tradings; Liderança de equipes e projetos; Lifelong Learning; Reskilling: Aprendendo a aprender, Planejamento do tempo e Accountability.

Aliada da tecnologia e ativa nas redes sociais, a professora acredita que, por meio da transformação digital, é possível os estudantes obterem melhor compreensão das matérias de sua grade. “O dia a dia de docentes e discentes pode melhorar muito com a tecnologia. É possível acessar materiais em qualquer lugar e conseguir interagir virtualmente”, destaca.

Para a professora, hoje e no futuro, será preciso ter, cada vez mais, habilidades voltadas para a curadoria digital, devendo ser compreendida não só como um sistema de repositório de conteúdo, mas também como uma metodologia que identifica o perfil do discente.  “Ao professor cabe selecionar o que é relevante saber e ajudar o aluno a pesquisar, comparar e analisar criticamente. Sem estas aptidões, o estudante ficará perdido e não saberá selecionar o que deve ou não fazer e aprender. Apesar disto, no meu entender, o docente, ainda é e será necessário para construir conhecimento com seus alunos”.

Sempre atenta às novas possibilidades de ensino, Cristina é uma entusiasta de metodologias como Sala de Aula Invertida; Podcasts e pretende, ainda, iniciar o aprendizado com o CFD – um jogo de perguntas e respostas. “Penso que os docentes podem incentivar a utilização da internet para pesquisas, ou mesmo para a interação em grupos e redes sociais que contribuem com a construção do conhecimento em conjunto. Agora, com as aulas para alunos de Medicina, além da Minha Biblioteca, precisarão aprender e utilizar o Qualis, o Impact Factor de periódicos; PubMed, SciELO, Ebsco, Lilacs etc.”, defende.

Os desafios e caminhos para a Capacitação dos Docentes

Na opinião do Professor Rosival Carvalho, Membro do NDE – Núcleo Docente Estruturante, da Faculdade de Direito da UCSal (Universidade Católica do Salvador), o que aconteceu nos últimos dois anos, por causa da pandemia, foi “um recomeço do cenário da educação brasileira”. Para ele, os docentes foram desafiados a uma reinvenção, em todas as instâncias, mas entende que o educador comprometido com a sala de aula, apesar de todo o avanço tecnológico, precisa ser estimulado cotidianamente para a obtenção de mais conhecimento. “O que eu quero dizer é que a melhor formação para o educador se dá no campo da leitura permanente. Esse compromisso com os livros é fundamental para todo e qualquer docente que pretenda empreender na sua disciplina e ter interação melhor com seus educandos”.  

E, ainda sobre capacitação, acredita que não cabe ao professor se acomodar. “Aquele que se arvora ao papel de educador tem que ter a ciência que o seu ofício exige estudo contínuo. Não pode pensar que apenas o que ele conhece naquele instante é o suficiente para que tenha uma sequência, uma vida útil em sala de aula. Professor é sujeito transformador, inquieto, é o sujeito que tem que conjugar, como diria Paulo Freire. É um caminho permanente em busca da aprendizagem e da qualificação”. 

Segundo Rosival, a UCSal é uma instituição que se mostra sempre preocupada com a capacitação dos seus docentes. “Há um diálogo interessante em todos os níveis e corpo acadêmico e um olhar muito crítico em relação a construção de uma educação edificante, capaz de transformar realidades, a partir da compreensão de todas as complexidades atuais”, enfatiza. 

Embora seja defensor da conversa e convívio presencial, Rosival utiliza recursos tecnológicos e está presente em algumas redes sociais, pois entende que esses ambientes são canais que dialogam com a realidade que vivenciamos. “Nós lidamos com nativos digitais. Essa turma mais jovem vive e respira tecnologia o tempo inteiro. Acho importante que o educador tenha conhecimento sobre a utilização dessas plataformas”. 

O professor reconhece o valor das metodologias ativas como necessárias e fundamentais para a construção desse universo novo, da vida pós-pandemia, mas pensa que elas não podem escravizar os docentes. “Faço parte de um grupo de educadores que acredita na Educação como um processo vivo da sala de aula. Nosso desafio, tanto da educação básica como na superior, é fazer com que os olhinhos dos nossos estudantes voltem a brilhar com intensidade e reconhecer a necessidade da busca permanente por uma boa formação” conclui.

*A opinião dos entrevistados não expressa, necessariamente, o posicionamento do Blog da Minha Biblioteca.

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