Aprendizado contínuo: receita para a competitividade profissional

O mercado corporativo está cada vez mais competitivo e um cenário frequente é a demanda maior por cursos de especialização nas IES (Instituições de Educação Superior), com aumento de quase 5% em 2021, conforme demonstra a Pesquisa de Graduação e Pós-Graduação (Lato Sensu) do Instituto SEMESP. Essas certificações, além de valorizarem o currículo, ampliam o conhecimento e a rede de contatos, essenciais para novas oportunidades na carreira.

O avanço tecnológico e a expansão dos cursos a distância têm sido aliados nessa qualificação e um incentivo para a aprendizagem contínua – o lifelong learning.  Para detalhar mais esse panorama e os desafios para as instituições, o Blog da Minha Biblioteca preparou um Especial sobre o tema. 

A primeira reportagem é com a Profa. Dra. Luciana Maia Campos Machado – Superintendente Acadêmica da Faculdade Fipecafi. Segundo ela, o diferencial da instituição tem se pautado em inovação – tanto de processos quanto de cursos – voltando-se para tecnologia, internacionalização e aumento de escopo para atender às demandas do mercado no novo contexto educacional. Confira.

MB – Nos últimos dois anos, as IES também têm encarado desafios de gestão. Quais foram os maiores, na captação e retenção dos estudantes, em particular, nos cursos de especialização? 

Luciana Machado – Com a pandemia e atividades educacionais e profissionais remotas, reaprendemos a nos relacionar e trocar experiências on-line. Esse cenário afetou diretamente o setor educacional. Todos se lembram que, no início da pandemia, houve um aumento exponencial de webinars, palestras e cursos gratuitos: conteúdos do mundo inteiro se tornaram acessíveis a todos. Aqueles que tinham alguma resistência às aulas a distância, acabaram expostos a elas e perceberam seus benefícios. 

No início, havia o desafio de acolher os estudantes que não gostavam das aulas on-line e mostrar a eles que no EaD era possível realizar networking, aprender, compartilhar vivências pessoais e profissionais. Hoje, em uma fase de retomada de atividades presenciais, a maior parte dos estudantes tem se mostrado propensa a continuar com as atividades remotas e prefere cursos a distância – principalmente na especialização. 

O desafio agora é combinar a flexibilidade das aulas on-line com momentos presenciais que sejam efetivamente valiosos para os alunos, repensando as aulas tradicionais. 

MB – O que permaneceu ou não neste cenário nos últimos anos? 

Luciana Machado – O mercado de trabalho mudou nos últimos anos e, como consequência, o que é esperado dos profissionais. Na área de negócios, são esperados, cada vez mais, conhecimentos em tecnologia, capacidade analítica e as chamadas soft skills, essenciais em um cenário de dinamismo. 

MB – Quais as estratégias adotadas na Faculdade Fipecafi para tornar os cursos de especialização mais atraentes? 

Luciana Machado – Na Faculdade Fipecafi temos pautado a inovação – tanto de processos quanto de cursos – em tecnologia, internacionalização e aumento de escopo.  Revisitamos todos os projetos pedagógicos para trazer experiências práticas aos estudantes, colocando-os em contato com análise de dados, tecnologia e situações práticas que vivenciam no mercado de trabalho. 

Todos os nossos cursos têm conciliado a vivência de executivos de mercado com a solidez acadêmica de docentes que constroem o conhecimento em finanças, contabilidade e negócios. Além disso, modelos híbridos agora permitem que os estudantes tenham contato com palestrantes, profissionais e docentes de fora do país facilmente, o que gera um ambiente em que as trocas de conhecimento são globais.

MB – Você mencionou (em entrevista ao Blog da Minha Biblioteca em setembro de 2021) que os processos de adequações começaram em 2018, com os novos instrumentos de avaliação do MEC, que trouxeram uma outra perspectiva sobre cursos presenciais e à distância. Nestes projetos já se incluíam os cursos de especialização?

Luciana Machado – Embora os instrumentos de avaliação sejam aplicados a cursos de graduação, o movimento de mercado, que permitiu outra perspectiva sobre a qualidade do ensino a distância, possui reflexos positivos acerca de cursos de especialização. Durante a pandemia, mesmo os estudantes e profissionais que não acreditavam nas metodologias de ensino on-line foram expostos a elas de alguma forma: no trabalho – com o home office – ou nos estudos, quando as IES tiveram que se adaptar para a continuidade de suas atividades remotamente, durante o lockdown. É um caminho sem volta. 

MB – Como tem sido esse processo em relação à fidelização dos estudantes e parcerias com o mercado para esses futuros profissionais?

Luciana Machado – O dinamismo do atual mercado de trabalho, suportado pelo avanço tecnológico, incentiva que os estudantes estejam abertos a um aprendizado constante: a formação é um caminho a ser trilhado, não um destino isolado. 

Os dados nos permitem, como instituições de ensino, oferecer uma experiência personalizada e que identifica conhecimentos e habilidades necessários a uma determinada empresa, área, equipe e profissional. Recentemente, temos tido experiências com empresas nesse sentido: programas de educação continuada desenhados após uma jornada de assessment, que nos oferecem informações detalhadas e determinantes de sucesso ao elaborarmos um programa de formação de executivos, por exemplo. 

Além disso, nossa responsabilidade como instituição de ensino na formação de profissionais qualificados exige entendimento do que o mercado demanda. Isso só é possível quando há diálogo constante com empresas e gestores. Quando desenhamos programas de curta e longa duração é habitual trazermos para a discussão executivos de mercado, que contribuem para a organização dos projetos pedagógicos e fazem parte deles, ministrando disciplinas, imersões de negócio e mentoring.

MB – Com foco nos cursos de especialização, muitas IES tiveram que rever seus portfólios tanto na oferta de opções, como formatos. Como isso ocorreu? 

Luciana Machado – Muitas IES ainda não estavam totalmente estruturadas para a interação virtual de qualidade com seus estudantes, mas foram incentivadas a repensar o formato de seus cursos, para atender diferentes perfis de público. Acredito que as Escolas de Negócio precisam oferecer um ambiente de intermediação de aprendizado e vivência de experiências práticas aos alunos. A infraestrutura tecnológica pode ajudar nisso. 

Outra forma de pensar a formação é por meio de cursos mais modulares, que permitem que o estudante defina uma trilha de aprendizagem personalizada, aproveitando disciplinas de cursos de longa duração (pós-graduação, MBA e até graduação). Nesse caso, cabe às IES um cuidado em entender o momento pessoal e profissional do aluno, oferecendo suporte e direcionamento, como facilitadora no processo de definição do caminho de aprendizagem que será seguido.

MB – Pesquisa do Instituto SEMESP, de 2021, mostra que o número de estudantes que frequentaram um curso de especialização registrou um crescimento de 4,8%, em relação ao ano anterior, e na graduação um recuo de 5%, no mesmo período. Como analisa estes dados? 

Luciana Machado – Mesmo durante a pandemia, registrou-se um aumento na procura por especializações no país. A pesquisa do SEMESP indica que os cursos EaD cresceram 288%. Entendo que esse movimento se deu devido à busca de capacitação e flexibilidade que o ensino remoto trouxe para profissionais já formados. A graduação recuou em decorrência da suspensão de aulas presenciais.  Esta queda só não foi mais acentuada porque o ensino a distância ajudou a manter o ritmo de ingressantes. 

Na Faculdade Fipecafi atuamos com um público majoritariamente executivo, mesmo na graduação. A maior parte de nossos estudantes já é formado e busca, no caso da graduação, uma segunda formação, com viés executivo. Assim, o que percebemos foi um aumento geral no interesse por conhecimento para evolução profissional, em todos os níveis de formação. Os profissionais, com maior flexibilidade para estudar, enxergaram uma oportunidade de se dedicar aos estudos – conciliada a uma necessidade de atualização imposta pelo mercado. 

MB – Quais os cursos mais procurados para especialização? 

Luciana Machado – Os cursos de especialização mais demandados seguem a tendência de cursos de graduação. Na modalidade EaD, as áreas de educação e negócios lideram o ranking dos mais procurados. Quando analisamos os presenciais, a área de saúde aparece em segundo lugar, após educação – e seguida de cursos de negócios. A maior concentração na procura de especializações está nesses três grandes mercados. 

MB – O Censo 2020 mostra que houve um boom nos cursos EaDs na graduação. Este movimento também ocorreu nos cursos de especialização? 

Luciana Machado – O aumento de oferta de cursos a distância ocorreu tanto para graduação quanto especialização.

O gráfico abaixo, construído com Microdados consolidados do Censo de Ensino Superior do INEP, nos mostra a evolução na oferta de cursos presenciais e a distância, desde 2016, no Brasil.

Fonte: Elaboração da Professora, com dados do Censo de Ensino Superior (INEP)

Nota-se que, após a pandemia, a oferta de cursos presenciais, que vinha em tendência de ascensão, sofreu uma leve queda. Nos cursos a distância, entretanto, seguiu em crescimento.

Na Faculdade Fipecafi, já investíamos no EaD e em ferramentas que proporcionam qualidade ao ensino a distância. A história da instituição com ensino remoto foi pioneira, iniciando-se com o ensino in company do curso MBA Controller realizado para a rede Petrobras, via Satélite, em 1998. A tradição permitiu que a Faculdade, investindo na modalidade, acumulasse notas máximas nos processos de autorização e reconhecimento dos cursos a distância. 

MB – Você acredita que a modalidade EaD abriu novas perspectivas para um acesso maior dos estudantes numa especialização? 

Luciana Machado – Eu creio que o EaD nos ajuda a quebrar barreiras e tornar o ensino de qualidade mais acessível. Hoje a localização da instituição não precisa ser mais o fator decisivo na escolha do estudante. Ele pode analisar a qualidade e proposta do curso.

“Hoje, um profissional que tem dificuldade de agenda ou precisa viajar recorrentemente no trabalho tem a possibilidade de buscar um curso a distância e se manter atualizado”

MB – É possível mensurar como tem sido o feedback dos estudantes EaD em relação à confiabilidade no aprendizado e à receptividade do mercado de trabalho?

Luciana Machado – De forma geral, o que temos percebido é que mesmo os estudantes que possuíam alguma restrição ao ensino a distância, uma vez tendo experimentado aulas on-line, enxergaram aspectos positivos da flexibilidade e autonomia que o modelo pode proporcionar. 

Hoje é consensual que é possível investir em infraestrutura digital, tecnologia e qualidade na oferta de cursos que ultrapassam os modelos tradicionais de sala de aula. Ainda que algumas pessoas prefiram cursos presenciais, o EaD e o formato híbrido trazem uma série de possibilidades para melhorar a experiência dos estudantes. 

O mercado de trabalho, que também se adaptou à rotina on-line, com o home office, tende a enxergar positivamente o movimento do setor educacional. Além da confiabilidade no aprendizado, há a flexibilidade: hoje um profissional que tem dificuldade de agenda ou precisa viajar recorrentemente no trabalho tem a possibilidade de buscar um curso a distância e se manter atualizado.

MB – A pesquisa SEMESP também apontou que os cursos de especialização de nível superior nas modalidades presencial e EAD se concentram 90% em instituições privadas. Este contexto tende a mudar? 

Luciana Machado – A oferta de cursos é mais ampla por parte de instituições privadas, mas as instituições públicas estão começando a ofertar cursos EaD. A longo prazo, o ensino a distância pode ser uma forma de tornar o ensino de instituições públicas mais acessível aos interessados.

MB – Ter um curso de especialização é um bom investimento, pensando no futuro?

Luciana Machado – Cursos de pós-graduação e MBAs ainda são excelentes opções para quem busca aprimoramento. Profissionais que estão em início de carreira, desejam conhecimento técnico ou estão em transição, podem optar por um curso de pós-graduação. Já aqueles que estão em um momento de carreira mais consolidada, por meio de um MBA podem desenvolver técnicas de gestão, aumentar o networking e habilidades de resolução de situações complexas. 

*A opinião dos entrevistados não expressa, necessariamente, o posicionamento do Blog da Minha Biblioteca.

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