A importância de escutar o que os alunos têm a dizer

Todas as escolas têm como foco principal a formação do aluno, mas será que a voz deles é ouvida antes de implementar uma mudança na educação? Muitas vezes, não.

O SXSWEdu, um dos maiores eventos voltado às inovações na educação, seguindo a tendência que vem sendo antecipada pelo ensino a distância, de uma educação mais centrada no aluno, apostou na inovação ao trazer painéis compostos por estudantes dos mais diversos níveis acadêmicos, com o intuito de escutar o que os alunos têm a dizer.

O painel chamado The Right to be Heard (O Direito de ser Ouvido, em tradução livre), desenvolvido pelo SXSWEdu, reuniu estudantes de diferentes backgrounds, de origens socioeconômicas distintas e alunos desde a escola básica até o ensino superior. O objetivo era discutir os direitos de todos os estudantes, de acordo com o que acreditam esses jovens, bem como problematizar de que forma as instituições de ensino poderiam materializar essas demandas, criando novos canais de comunicação com os estudantes, a fim de implementar as melhorias propostas por eles.

Tópicos discutidos

A questão dos estudantes que têm mais dificuldade em alcançar as metas propostas para o ano letivo e cujas vozes são mais frequentemente abafadas em decorrência de sua inadequação foi um dos tópicos discutidos.

Com a realização do painel foi possível deduzir que um ensino personalizado e uma preocupação em obter um bom feedback por parte dos estudantes pode ser o caminho para que as instituições de ensino e os gestores fiquem mais sintonizados com as demandas dos alunos.

A estudante e cofundadora da organização voltada para o empoderamento do estudante Student Voice Tara Subramaniam escreveu um artigo para o site Edsurge para falar um pouco sobre o tema. Após os encontros promovidos com estudantes no SXSWEdu, foi redigida a Student Bill of Rights (algo como a declaração de direitos dos estudantes), que contém, atualmente, 11 itens. São eles:

– Liberdade de expressão;
– Segurança e bem estar;
– Direito a um processo justo;
– Aprendizado personalizado;
– Organização institucionalizada;
– Informação e privacidade;
– Inserção profissional;
– Participação cívica;
– Avaliação justa;
– Tecnologia;
– Diversidade e inclusão.

É curioso perceber que muitas das diligências dos estudantes estão alinhadas com os pressupostos da EAD, especialmente no que tange ao ensino personalizado, à inclusão, à informação, à privacidade e, principalmente, ao acesso à tecnologia, base do ensino online. No entanto, a lista proposta pelos estudantes traz outras questões um pouco mais abstratas e mais difíceis de serem aplicadas no dia a dia, mas que são uma fonte de reflexão para todo gestor: como garantir o bem estar e a segurança dos estudantes, especialmente aqueles que não frequentam a sala de aula física? Como se certificar que sua liberdade de expressão está sendo preservada?

Certamente, as instituições de ensino a distância, com o auxílio da tecnologia, podem criar canais para ouvir as demandas dos estudantes. Ou seja, os estudantes querem, sim, um ensino moldado para suas necessidades e que os insira no mercado de trabalho. Porém, também querem a garantia de seus direitos básicos como cidadãos, o que jamais deve ser negligenciado pela instituição de ensino. Painéis como o que ocorreram no SXSWEdu e a redação da declaração de direitos são guias para que as IES voltadas para o futuro da educação mantenham o foco no personagem principal da história: o aluno.

Por fim, iniciativas como essa, bem como a proliferação de instituições centradas no aluno, são incentivos para que o estudante passe a ter mais voz e se aproprie cada vez mais de seu aprendizado. Afinal, empoderar o aluno não é apenas o mote da educação baseada na tecnologia, mas também do futuro do ensino superior.

Via: http://www.desafiosdaeducacao.com.br/blog/