4 dicas para transformar uma biblioteca em um espaço maker

 

Aquela imagem de pessoas sentadas nas mesas pesquisando e lendo em silêncio vista nas bibliotecas tradicionais é passado na escola norte-americana Holy Trinity Episcopal Academy, em Melbourne, na Flórida. Nela, alunos de 5ª série sentados em computadores, desenvolvem etiquetas de bagagem em 3D. Nas mesas centrais da biblioteca, os alunos estão criando máquinas Rube Goldberg usando peças manipuláveis ou o aplicativo RubeWorks no iPad.

A biblioteca é um burburinho de atividades e alunos engajados, pontuados por gritos de excitação. E quem toma conta desse espaço, é a bibliotecária Judy Houser, uma educadora veterana que deu o passo visionário de transformar esta biblioteca uma vez tranquila em um espaço onde os alunos não só aprendem a amar a leitura, mas aprendem a explorar, criar e inovar usando uma variedade de ferramentas. Veja como Judy conseguiu transformar a biblioteca escolar nesse espaço maker.

Passo 1: Pesquisar

Intrigada para aprender com outras bibliotecas que já tinham incorporado espaços maker, Judy expandiu sua pesquisa. “Era óbvio que um espaço maker em nossa biblioteca poderia proporcionar oportunidades únicas para os alunos começarem a explorar, inventar e criar”, diz Judy.

Ela começou pela leitura do livro Invent to Learn (Inventar para Aprender, em livre tradução), de Sylvia Martinez e Gary Stager e participou de um seminário realizado pelos autores, mas não parou por aí. “Eu pesquisei espaços maker na internet e visitei uma escola que tinha um. Também estou conectada com outros Makers, tanto pessoalmente quanto via email, e participei de uma conferência sobre tecnologias educacionais”, diz ela.

Inspirada pelas possibilidades, Judy abordou alguns pais da escola que eram arquitetos para ajudar a elaborar um plano para um canto da biblioteca. Alguns meses depois, o primeiro espaço maker da biblioteca estava pronto.

Passo 2: Financiamento e Ferramentas

Os fundos para a criação do espaço maker vieram em parte através de uma doação da Harris Corporation, uma empresa de engenharia com base em Melbourne. Além de uma impressora 3D, Judy adquiriu um Pi Raspberry (microcomputador), um Makey Makey, snap circuits, gyrobots, Legos e uma variedade de materiais de construção para a criação de máquinas de Rube Goldberg. Outros materiais do espaço incluem eletrônicos reciclados que os estudantes podem desmontar e reaproveitar e alguns kits de ferramentas que antes estavam abandonados nas garagens.

Passo 3: Transformar o ensino

Criar o espaço maker inspirou Judy a ensinar de maneira diferente. “Antes, eu fazia exposições durante aulas na biblioteca”, analisa. “Havia discussão, mas eram poucas as oportunidades para o aluno guiar a aprendizagem – a iniciativa era quase sempre minha.”

Com o novo espaço, isso mudou. “Agora, coloco as instruções acessíveis por meio de uma unidade de rede compartilhada, mostro algumas técnicas, e deixo os estudantes verem o que conseguem fazer. Eles escolhem o que querem aprender”, explica.

E os alunos ensinam uns aos outros. “Tem sido mais comum pedir por ajuda aos próprios colegas. Temos muitas oportunidades de aprendizado a partir de erros – as crianças entendem que revisar é um importante passo no processo de design”conta ela.

O que tem causado maior surpresa com o espaço maker, segundo a bibliotecária, é que ele é um lugar de equidade. “Estudantes não buscam mais só quem é mais popular, mas aqueles que possuem interesses em comum ou habilidades as quais querem aprender”, diz. Atualmente, as atividades são desenvolvidas por alunos do 2º ao 6º ano, mas existem planos para expansão para o ensino infantil num futuro próximo.

Passo 4: Olhar para o futuro

A reação de estudantes e pais em relação ao espaço maker tem sido surpreendentemente positiva, segundo Judy. Quando perguntada que dicas daria para outros professores interessados em criar um espaço similar, Judy sorri. “Primeiro, dê um beijo de despedida na biblioteca silenciosa. Não se intimide quando adultos aparecem para reclamar do barulho – colaboração demanda comunicação!”, diz ela.

Judy recomenda envolver o máximo de pessoas que for possível. “Peça a pais, integrantes da equipe de professores ou qualquer outra pessoa para vir dar uma mão”, diz. “Não ache que você tenha que criar o ambiente perfeito ou que ele deve ser igual aos outros. Lembre-se que é o processo que importa, não o produto”, ensina ela.

Outras sugestões incluem pedir a pais que criem suas próprias contas no Tinkercard para que crianças consigam trabalhar em seus projetos 3D quando estão em casa. Além disso, usar vídeos do YouTube, como o de Rube Goldberg, para motivar os estudantes.

Futuros planos para o espaço maker incluem uma incursão no mundo de eletrônicos vestíveis e cortes a laser, iniciativas que devem ser financiadas pela associação de pais. Judy também pede doações para ajudar a financiar um kit de littleBits , conjunto de módulos eletrônicos para crianças montarem circuitos. E enquanto o espaço ainda é tecnicamente uma “biblioteca “, Judy planeja abri-lo para novos projetos – especialmente por conta da resposta dos alunos. A biblioteca sempre foi um lugar popular no campus, mas agora tenho que pedir que os alunos saiam quando a aula acaba”, diz.

Fonte: Por vir