A educação a distância exige que gestores e professores estejam sempre atentos às novidades do mundo online. Os profissionais da EAD precisam compreender seu público, saber o que querem os estudantes e gerir um negócio que não é simplesmente um produto ou um serviço, mas algo que efetivamente muda a vida das pessoas: a educação.
Traduzido livremente para o português, a pesquisa “Estudantes de Escolas Online 2014: compreendendo dados sobre demandas e preferências” foi realizada pela The Learning House e pela Aslanian Market Research. Um de seus trunfos é ter entrevistado 1.500 alunos, com no mínimo 18 anos, e com algum grau de envolvimento com uma iniciativa online: recém-inscritos, já matriculados e com um curso em andamento, ou planejando fazer uma especialização, uma graduação ou uma pós-graduação online.
A margem de erro desse estudo é de 3% para cima ou para baixo, enquanto o nível de confiança é 95%. Logo, suas conclusões devem ajudar administradores não só na árdua tarefa de atrair mais alunos, mas também de reter aqueles que já fazem parte da instituição. Afinal, com tantas escolas oferecendo programas online, os estudantes podem se dar ao luxo de ser exigentes sobre onde e o que eles estudam. A proximidade da escola não é mais seu maior atrativo.
Mudança de público
O estudo mostra que já podem ser repensadas as iniciativas online na educação. Voltadas aos profissionais que estão se especializando enquanto trabalham, a pesquisa mostra que esse não é o único público que merece atenção dos gestores. Segundo a pesquisa, feita no âmbito dos Estados Unidos, vale dizer que o número de alunos de EaD trabalhando em tempo integral diminuiu de 60% em 2012 para 46% em 2014, enquanto o número de estudantes desempregados passou de 16% em 2012 para 30% em 2014. Ou seja, estar trabalhando não é mais uma premissa do estudante online, pelo contrário.
Hoje, o motivo para buscar um curso online pode ser uma nova área de atuação, uma empurrão na carreira ou simplesmente uma forma de se tornar mais atraente para o mercado de trabalho. Não importa, a questão para os gestores aqui é que, com tantos alunos desempregados, a duração do programa pode ser um problema. Ao contrário dos estudantes que trabalham, e que precisam se dedicar em tempo parcial aos cursos, aqueles que estão desempregados não só possuem mais tempo livre como têm fome de conhecimento. Logo, os administradores precisam criar formas de atender também a esse público, de acelerar seus programas. Ao ganhar um diploma em um ano ou dois, esses alunos serão capazes de conseguir um emprego mais rapidamente com seu novo conjunto de habilidades.
Assistência financeira
A assistência financeira na educação passou a ser de extrema importância desde que o desemprego está em crescimento, especialmente nos Estados Unidos. De acordo com o relatório, 40% dos estudantes são totalmente dependentes dessas fontes de financiamento. Aproximadamente 20% dos estudantes universitários de cursos online pagam pelos estudos do seu próprio bolso, com o restante contando com um verdadeiro mix: empréstimos, poupanças, assistência do empregador, e outras fontes de dinheiro.
Nos dias atuais, esse é um assunto para o gestor fica atento. A ajuda financeira não pode ser o único atrativo da sua instituição. É preciso refletir sobre o valor das taxas de matrícula, por exemplo, mas também na transferência de créditos e principalmente na reputação da sua IES. A fama da escola ainda é um fator de decisão para os estudantes.
Transferência de crédito
Os alunos de cursos online se preocupam profundamente sobre transferência de créditos. Isso faz sentido, já que quase 80% dos entrevistados tinham créditos para transferir. Especialmente para aqueles que estão em cursos de graduação e pós-graduação online esse é um tema importante. Qualquer atividade que possa complementar seus estudos tem valor. E, muito embora não exista uma consonância nas políticas sobre créditos obtidos anteriormente ao curso ou fora do programa, uma política generosa certamente irá atrair alunos. Entre os entrevistados, somente 52% foram capazes de transferir parcialmente seus créditos. Tamanha dificuldade acaba frustrando e, por vezes, afastando os estudantes.
A hora da inscrição
Os alunos online são rápidos para se inscrever. A pesquisa apontou que 42% dos entrevistados gastaram menos de quatro semanas para encontrar uma instituição e se matricular, enquanto 65% levou menos de oito semanas. Além disso, os pesquisadores observaram que, no ano passado, 51% dos estudantes online matriculados o fizeram nos três meses iniciais de sua pesquisa, mas em 2014, 77% tinha tomado a decisão no mesmo período de tempo.
Ou seja, o período de tempo que os alunos passam procurando uma IES parece estar caindo. Logo, os administradores devem estar atentos ao seu público, pois eles podem ter apenas uma chance de conquistar aquele aluno. Com isso, ter uma campanha forte de marketing, uma equipe experiente e um acompanhamento detalhado do processo de matrícula são essenciais para manter sua instituição relevante e atraente.
Por fim, o estudo também observou que preço e reputação ainda são muito importantes para os estudantes. Credibilidade, reconhecimento, rankings e recomendações são levados em conta pelos alunos na hora da decisão. Outros fatores, como aulas assíncronas (que não acontecem ao mesmo tempo para todos os alunos), e um processo de admissão simples também desempenham um papel importante. Conforme Rachel E. Wang, autora do texto sobre o estudo, ressalta, tal pesquisa serve de lembrete para os administradores de que a aprendizagem online é um campo em constante mudança, no qual as necessidades dos alunos continuam a evoluir. E aqueles que desejarem ter uma forte presença na educação a distância enquanto gestores terão de avançar com eles.