Aprender tem deixado de ser apenas uma forma de absorver conhecimento. A tecnologia impôs um novo ritmo na Educação, no ato de receber e transmitir estes saberes.
E o professor teve que se reinventar e ir além da tarefa de compartilhar conteúdos, em sala de aula, para se tornar um profissional focado no desafio de desenhar experiências de aprendizagem, que permitam que os estudantes sejam protagonistas da sua própria educação e agentes de transformação social.
No mês que se comemora o Dia do Professor, é essencial entender os rumos desta mudança, no olhar de quem media as experiências de aprendizagem e de quem aprende, pois esta troca hoje é fundamental para uma formação acadêmica de qualidade e inovadora.
Há muitos caminhos para se chegar lá e é sobre estas possibilidades que Carolina Costa Cavalcanti – Professora Doutora Associada na Fundação Dom Cabral, Consultora em Educação Digital Inovadora, Metodologias Inov-ativas e Design Thinking – conversou com o Blog Minha Biblioteca.
É um cenário de descobertas, motivações, perspectivas, que passa pelas metodologias ativas, limitações de recursos e excesso de informações. O propósito é sempre a busca da melhor forma de alinhar tudo isso e o professor assumir um papel de desenhista da experiência de aprendizagem, numa jornada onde o estudante precisa ser o ator principal.
MB – É possível traçar um comparativo entre o papel do professor no início dos anos 2000 e hoje?
Carolina – Podemos ver grandes mudanças quando pensamos nas duas últimas décadas. Nos anos 2000, o professor tinha um papel ainda muito de transmissor de conteúdo. Para isso, precisava dominar o PowerPoint, usava lousa, giz e, às vezes, propunha seminários ou trabalhos em grupo, mas ainda era um modelo muito centrado na entrega de conteúdos.
De lá para cá, especialmente com acesso a celulares e à internet, esse papel de meramente transmitir conteúdos, já não faz muito sentido, porque encontramos na web muitas bibliotecas digitais, artigos científicos e materiais multimídia, que permitem o acesso a várias informações, algumas vezes, de uma forma até melhor, do que uma explicação do professor usando a lousa e o giz.
Então, a atuação do docente muda, no sentido de que agora seu principal papel é mediar o processo de aprendizagem para que todo esse conteúdo, que está à disposição, faça sentido. Passa a ser um curador de conteúdos. Vai propor debates; orientar o desenvolvimento de projetos, sugerir desafios a serem resolvidos, com ou sem o uso de tecnologias. Afinal, o professor pode lançar mão de diversos recursos tecnológicos, multimídia, sendo até um produtor de conteúdo, para facilitar esse processo de aprendizagem que, agora, já não está mais centrado nele, mas pode estar centrado no estudante e em desafios do mundo real.
MB – A pandemia foi um marco no contexto atual da Educação. Como os professores tiveram que se posicionar e que metodologias usaram para serem bem-sucedidos nesse desafio?
Carolina – A pandemia trouxe uma circunstância que a gente jamais imaginaria que viveríamos. Para os professores, foi difícil não estar em seu ambiente de trabalho tradicional: a sala de aula. Para muitos, foi a primeira vez que adotaram as ferramentas tecnológicas para promover experiências de aprendizagem.
Já ouvi muitas pessoas falando que na pandemia a gente avançou uma década, do ponto de vista do uso de tecnologias em Educação, por conta da necessidade de usarmos os recursos tecnológicos, para que os cursos e programas educacionais fossem ofertados. Foi um momento de reinvenção dos próprios professores, que precisaram desenvolver competências digitais.
Muitos deles tiveram que pensar em novas metodologias porque, de fato, entre dar uma aula expositiva sobre um tema, ou pedir para os estudantes assistirem um documentário muito bem-produzido sobre o mesmo assunto, de repente, valeria a pena pedir para verem o documentário e usar o tempo da aula para propor uma discussão, levantar hipóteses e, até mesmo, a criação de protótipos. É com esse olhar para as metodologias ativas, que vários docentes conseguiram contornar a falta de engajamento dos estudantes, muitos deles desmotivados com as aulas na modalidade online.
Creio que este foi um motivo que levou um grande número de educadores a buscar compreender e adotar as metodologias ativas nos contextos educacionais onde atuam.
MB – O que a retomada presencial representa para professores e estudantes? Os danos do isolamento podem ser recuperados de que forma?
Carolina – A volta para o presencial traz possibilidades, mas também desafios. Uma possibilidade é, de fato, podermos retomar o convívio social. Afinal, a experiência do ensino superior vai muito além da aprendizagem sobre temas curriculares, envolve amizades, conversas, discussões que ajudam a aprofundar conhecimentos, a construir novas ideias, a questionar outras pré-existentes. É lógico que conseguimos propor interações pelo uso de ferramentas digitais, talvez de uma forma mais estruturada. Entretanto, o convívio entre colegas e amigos no ambiente da faculdade e universidade, a hora do café, a interatividade com estudantes e professores é um diferencial, sem dúvida. Outro ponto é ter um espaço onde a cocriação, a colaboração, podem ocorrer de uma forma mais fácil, por conta da presença física das pessoas, conexões e amizades.
Já como desafio, posso mencionar a percepção e a experiência que tivemos durante a pandemia, que demonstrou que é possível realizar muito online. Vir para a universidade também representa um custo e demanda tempo. Muitos estudantes gastam horas no metrô e ônibus para chegar até a faculdade e voltam tarde da noite para suas casas. Estas situações podem levar alguns a preferirem o modelo remoto ou online.
Acredito que agora é um momento importante para entender quais foram os impactos da pandemia na vida dos estudantes, do ponto de vista familiar, socioeconômico e emocional. Também é preciso mapear quais são as dificuldades de aprendizagem e o que precisa ser retomado. O momento exige sensibilidade e muita paciência dos docentes e discentes. É uma fase em que todos terão que se adaptar a esta nova realidade e entender que é uma parte importante do processo de retomada do presencial.
MB – O papel do professor, de transmitir conhecimento, mudou com o ensino remoto e os impactos de uma era digital?
Carolina – O papel do docente, de transmissor do conhecimento, existe há séculos. Não é uma coisa nova e isso acontecia, especialmente, porque era muito difícil as pessoas terem acesso às informações, às bibliotecas e professores. Então, a comunicação oral tinha uma função importante. Mas isso mudou com a chegada das tecnologias e o acesso a uma vasta gama de conteúdos, que são atualizados de uma forma muito rápida. Neste cenário, é preciso repensar essa missão do docente.
Na minha visão, cada professor deve assumir o papel de desenhista da experiência de aprendizagem, ou seja, ser um designer da experiência de aprendizagem. É claro que ainda precisa promover o acesso a tudo aquilo que a ciência produziu. Mas isso é só um pedaço. Só podemos considerar que o estudante aprendeu, se conseguir usar um novo conhecimento em um contexto prático. Por isso, como educadores temos que propor vivências, teste de hipóteses, momentos de exploração, construção, cocriação. O docente pode convidar os estudantes para desenhar essas experiências e vivê-las enquanto aprendem de forma individual e colaborativa. Nesse sentido, um modelo centrado em metodologias ativas se adequa melhor à realidade do século XXI, especialmente a da educação pós-pandemia.
“Uma grande preocupação, enquanto educadores, é o desenvolvimento das competências socioemocionais, necessárias não só em contextos de aprendizagem, mas também no mundo do trabalho e na vida”
MB – Então pode-se afirmar que a relevância do professor vai além da sala de aula?
Carolina – A relevância do professor vai muito além da sala de aula. Um educador tem uma missão maior que ensinar conteúdos curriculares. Sabemos que isso é importante, mas não é tudo. Todo docente deve ser exemplo, inspirar e preparar os estudantes para o mundo do trabalho e para a vida. Precisa estar atento aos talentos e habilidades dos discentes e permitir que desenvolvam competências que são fundamentais no século XXI, como: empatia, criatividade, colaboração, pensamento crítico, adaptabilidade, entre outras.
Este tipo de atuação é abrangente, pois está conectada com as demandas da contemporaneidade. O professor é aquele que orienta, provoca cognitivamente, avalia o desenvolvimento de competências, media e facilita o processo de aprendizagem.
MB – Num contexto amplo, quais os contrapontos entre as competências socioemocionais versus inovações digitais na Educação?
Carolina – As tecnologias digitais trazem muitas possibilidades para se pensar e enriquecer as experiências de aprendizagem, vivenciadas pelos estudantes. Por outro lado, uma grande preocupação, enquanto educadores, é o desenvolvimento das competências socioemocionais necessárias, não só em contextos de aprendizagem, mas também no mundo do trabalho e na vida. Tenho visto professores que defendem que é possível desenvolver competências socioemocionais trabalhando com tecnologias. Sim, já atuei em projetos onde isso foi feito de forma muito eficaz. Entretanto, é preciso ter um olhar muito cuidadoso em relação ao uso das tecnologias porque, se as usarmos só para entregar conteúdos, provavelmente não desenvolveremos competências.
Acredito que, em qualquer contexto de aprendizagem, o importante é sempre definir inicialmente: qual é o objetivo dessa ação educacional? qual é o objetivo de aprendizagem e quais competências precisam ser desenvolvidas? E, só depois de ter estas respostas, podemos pensar no conteúdo, nas metodologias e nas tecnologias para alcançar aquilo que foi imaginado. A adoção de estratégias de avaliação por competências prevê o levantamento de evidências do desenvolvimento do estudante. Neste sentido, é necessário um modelo que envolva avaliação diagnóstica, formativa, por pares e a autoavaliação.
MB – Sendo o professor o gestor do processo de aprendizagem, o responsável pela “sala de aula virtual”, pode-se dizer que a essência do seu trabalho inicial é a de sensibilizar os estudantes para a importância do conteúdo?
Carolina – Por muito tempo, o currículo ditou aquilo que era aprendido em ambientes educacionais. O enfoque sempre era atrair o interesse do estudante para aquele conteúdo, muitas vezes descontextualizado da sua realidade. Por que eu estou aprendendo sobre esse assunto? Quando vou usar isso na vida? Isso tem alguma aplicação no meu cotidiano, comunidade, para o contexto em que eu vivo?
Ausubel, um teórico cognitivista, defende na teoria da Aprendizagem Significativa que um dos pressupostos para uma pessoa construir um novo conhecimento é conectar uma informação nova, com um conhecimento prévio. Para mim, o desafio dos docentes é muito maior do que simplesmente gerar o interesse num determinado tema. O professor deve buscar saber o que os estudantes já sabem, o que faz sentido para eles e só depois trazer um assunto a ser explorado de forma contextualizada.
MB – Como implementar uma aprendizagem online eficiente nas IES? As plataformas digitais são essenciais neste cenário?
Carolina – Implementar uma educação online de qualidade e eficiente é um grande desafio. Existem muitas formas de fazer isso. Se for realizado um estudo de mercado, é possível encontrar modelos que são eficazes. Entretanto, vejo que os com maior sucesso, do ponto de vista da aprendizagem e engajamento dos estudantes, são aqueles onde os próprios discentes assumem um papel de protagonistas da sua aprendizagem.
Muitas IES investem em plataformas digitais sofisticadas, porém estes ambientes continuam sendo portais de entrega de conteúdos. Elas podem ajudar a organizar a estrutura das disciplinas de um curso. Isso é importante, mas, o desafio é maior: é pensar como essa ferramenta vai possibilitar que os estudantes produzam novos conhecimentos, colaborem, interajam e desenvolvam projetos. Tenho visto que, muitas vezes, recursos externos podem ser inseridos em plataformas das IES, para dar suporte para que essas interações e construções aconteçam.
MB – Você fala sobre “Desenho e uso de Ambientes Virtuais de Aprendizagem centrado nas pessoas. Pode detalhar?
Carolina – No meu doutorado, pesquisei sobre a criação de um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), centrado nas pessoas. Muitos parecem que não foram criados tendo em mente as necessidades dos usuários: docentes, alunos, tutores, gestores. Não é raro encontramos problemas de usabilidade nas plataformas ou o professor perceber limitações tecnológicas para atividades que gostaria de propor.
Na minha pesquisa fui ouvir estudantes, professores e tutores de um curso de graduação da USP. Meu objetivo era entender como esse ambiente de aprendizagem poderia ser estruturado de uma forma mais útil, para que a experiência fosse mais eficaz e prazerosa.
Consegui mapear vários elementos, desde ferramentas de comunicação com outros colegas de turma, até de organização, que ajudassem o estudante a planejar sua rotina de estudos de forma mais eficaz.
Na questão pedagógica, muitos professores encontram dificuldade de usar as próprias ferramentas da plataforma ou precisam de outras complementares, para propor atividades compatíveis com a disciplina ou cursos que ministram. É, então, essencial pensar num Ambiente Virtual de Aprendizagem centrado nas pessoas, que faça sentido para os diferentes usuários, e permita que o aprendizado ocorra da melhor forma possível.
“A gente considera que existe inovação, em algum ambiente, setor ou instituição quando a solução implementada gera valor para as pessoas.”
MB – O que são as metodologias Inov-Ativas na Educação? Em que são baseadas e que resultados podem trazer?
Carolina – Metodologias Inov-Ativas foi um termo cunhado pela professora Andrea Filatro e por mim, no livro ‘Metodologias inov-ativas: Na educação presencial, a distância e corporativa” publicado, em 2018, pela editora Saraiva. Fizemos uma pesquisa sobre Inovações em Educação e descobrimos que existia uma série de métodos, estratégias, técnicas, tecnologias e práticas que promoviam inovações no setor educacional. Organizamos tudo que encontramos em quatro grandes grupos, que chamamos de metodologias inov-ativas: as ativas, as ágeis, as imersivas e analíticas. Algumas metodologias podem ser implementadas sem o uso de tecnologias (como a Aprendizagem Baseada em Projeto, Design Thinking, Instrução por Pares etc.) e outras demandam ferramentas e soluções digitais mais sofisticadas (Inteligência Artificial, Computação Cognitiva etc.)
MB – A inovação está restrita às IES de grandes grupos ou pode ser acessível à todas as instituições? Ou ainda é uma questão estratégica?
Carolina – A gente considera que existe inovação, em algum ambiente, setor ou instituição, quando a solução implementada gera valor para as pessoas. Essa inovação pode ocorrer em nível micro. Por exemplo: eu sou um professor que adoto metodologias ativas nas minhas aulas e dou maior protagonismo aos meus estudantes. Então, estou inovando no ambiente onde consigo atuar.
Mas existem inovações que são mais amplas, no nível macro, institucional. Criar um currículo todo embasado no desenvolvimento de competências ou no trabalho com projetos. Essa iniciativa vai ter um impacto muito maior. Portanto, também existem níveis de inovação. Há inovações disruptivas, que propõem mudanças muito grandes em um determinado contexto. E, ainda, as incrementais, que visam melhorar processos, serviços e produtos.
MB – É possível pensar em inovação na formação dos professores?
Carolina – Com certeza. Muitas vezes pensamos na formação de professores de modo tradicional. Creio que deve seguir a lógica da homologia de processos proposta por Donald Schön. Se há o desejo que os professores adotem as metodologias ativas nas salas presenciais e online, vale propor uma formação onde possam vivenciá-las durante toda jornada. Depois será mais fácil desenhar experiências de aprendizagem embasadas em algo que vivenciaram. É a diferença entre o viver e o contar.
Gosto de trabalhar com projetos durante a formação de professores. Geralmente, no final, os docentes possuem os planejamentos de aulas que podem ser implementadas de forma imediata. Tenho explorado formações mais fluídas, que acontecem em micro momentos, ao longo do ano. Deixar que o professor crie estratégias para o “aprender por toda a vida” também é tema relevante a ser trabalhado nessas formações.
MB – Num cenário onde a formação dos professores não é prioridade nacional, você acredita que eles estão preparados para usar novas metodologias como Design Thinking, Sala de Aula Invertida, Gamificação e Team-Based Learning?
Carolina – Conheço muitos professores que estão preparados para usar Design Thinking, Team-Based Learning, aprendizagem baseada em problemas por projetos. Muitos têm participado de cursos, formações e investem recursos próprios, para aprender como usar essas abordagens de trabalho em projetos de Educação. Empregam tempo e energia, com o objetivo de serem melhores profissionais e de promoverem aprendizagens mais profundas para os estudantes.
Há pessoas que ainda não conhecem, mas como tudo na vida, existe muita possibilidade de pesquisa sobre esses temas, com informação disponível na internet. O próprio Design Thinking tem manuais abertos para o professor conhecer as etapas e várias estratégias apresentadas, com detalhes.
O interesse do educador, a vontade, o desejo de conhecer é o primeiro passo. O segundo é que ele precisa estar num ambiente educacional onde é possível adotar estas metodologias, pois há instituições ou modelos de curso que nem permitem a sua implementação. É essencial a decisão do educador de usar tais metodologias e, neste processo, será preciso testar e fazer ajustes, até encontrar melhores caminhos. Geralmente, é muito recompensador trabalhar desta forma, pois os estudantes podem participar ativamente, se envolver na construção de conhecimentos, o que é gratificante para todos.
MB – Como você definiria o docente do Futuro?
Carolina – É desafiador definir como será a docência no futuro. Existem muitos cenários que podemos imaginar que envolvem a inteligência artificial, computação cognitiva e a perspectiva é que a ciência de dados nos ajude na tomada de decisão, do ponto de vista da aprendizagem. É claro, porém, que sempre será necessário um professor, alguém que irá criar, conceber, imaginar, desenhar a experiência de aprendizagem e, mesmo que ela seja facilitada por recursos tecnológicos bem sofisticados, o papel do educador continuará sendo fundamental. Essencial, mas diferente.
Há aspectos muito humanos como o olhar ético, as emoções e a criatividade, que as máquinas ainda não têm. Então, a articulação de aspectos humanos com as tecnologias tem bastante potencial de promover experiências de aprendizagens muito ricas e relevantes.
Webinar Minha Biblioteca
Para aprofundar ainda mais a discussão sobre o papel do professor como agente de transformação da Educação Superior, a Minha Biblioteca promoverá, no dia 20 de outubro, às 17h, o Webinar “Os Desafios do Professor Universitário na Educação Digital”, com as participações especiais das educadoras Carolina Costa Cavalcanti e Karina Nones Tomelin.
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Transmissão via ZOOM
Pesquisa Minha Biblioteca para Professor (a)
Pensando nos desafios e necessidades dos docentes, a Minha Biblioteca acaba de lançar uma pesquisa para que você, professor(a) possa explicitar como está sendo a sua jornada como EDUCADOR(A) neste grande “corre-corre digital”.
Para participar é muito fácil. Contamos com a sua colaboração para responder esta pesquisa, até dia 31/10/2021, que levará no máximo 10 minutos, no link https://forms.gle/tz4kmJokWbFKfbUB9