A velocidade com que a transformação digital acontece e a disrupção trazida por ela exige mudanças no mindset das pessoas nas relações, nos negócios e nos modelos de ensino-aprendizagem. Vivemos em um processo evolutivo, em que ciclos terminam para que outros se iniciem, de forma bastante dinâmica, assim como o chamado mundo VUCA, que vai dando lugar ao BANI.

VUCA (Volatility, Uncertainty, Complexity, Ambiguity, em português Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade) e BANI (Brittle, Anxious, Nonlinear, Incomprehensible, em português Frágil, Ansioso, Não linear e Incompreensível) são conceitos complexos e amplos. A primeira sigla, da década de 90, resumidamente demonstrava que essas eram características que norteavam a vida coletiva. No contexto do mundo BANI, marcado fortemente pelos efeitos da pandemia, as necessidades que urgem giram em torno da adaptabilidade dos indivíduos, resiliência e diversidade.

Diante dessas alterações inevitáveis em diversos setores da sociedade, os modelos de ensino também são fortemente impactados. Os resultados  do Censo da Educação Superior 2020, divulgados pelo Ministério da Educação recentemente, mostram que pela primeira vez, o  ensino a distância (EAD) superou o presencial em número de ingressantes nas Instituições de Educação Superior (IES) públicas e privadas – em 2019, esse fenômeno havia sido constatado apenas na rede particular.

De fato, passamos por um momento ímpar no ensino superior, que nos desafia a buscar novos caminhos, investimentos e, face a uma conjuntura de aprendizado acelerado e novas tecnologias, são muitos os formatos e metodologias que são testados e avaliados por gestores e docentes das IES, em um esforço para se extrair o melhor de cada um deles, a fim de assegurar uma experiência de aprendizagem aos estudantes, atendendo essas novas demandas e garantindo acesso à informação de qualidade dentro do universo acadêmico.   

Neste novo cenário, apresentam-se algumas possibilidades.  Além do EAD, presencial e híbrido, já se discute o ensino HyFlex. O método, que une as palavras hybrid (híbrido) e flexible (flexível), é considerado por alguns especialistas, uma evolução do híbrido. Nele, o protagonista é o estudante, que pode escolher acompanhar a mesma aula de forma remota ou presencial. Isso quer dizer que, na prática, pode optar por estar na sala de aula presencialmente ou acessar o curso on-line. Em alguns casos, a opção on-line pode permitir que assista às aulas de forma síncrona, via plataformas de transmissão, como Zoom ou Meet. Ou, ainda, o aluno pode acessar o conteúdo on-line em um formato assíncrono, como uma gravação em vídeo da aula. 

É, sem dúvida, desafiador para os educadores promoverem essa autonomia dos discentes. Muitas questões são levantadas e ainda se buscam respostas. O aprendizado sempre precisa acontecer em sincronia? As universidades e as pessoas, apesar de tantos avanços, já estão preparadas para essa novidade? 

Independentemente do modelo adotado, as melhores práticas na formação dos estudantes acontecem quando, de fato, a instituição conhece o perfil e necessidades desses jovens, fomentando a leitura, o pensamento crítico e analítico, introduzindo tecnologia acessível e oferecendo soluções que democratizem o conhecimento. O foco deve estar na construção de um cidadão com uma visão global, preparado para esse novo mundo que demanda indivíduos com capacidade de resolução de problemas, inteligência emocional e espírito de inovação. 

Vale a pena prestar atenção e acompanhar essas tendências.

Mauro Lopes de Azevedo – CEO da Minha Biblioteca

  • Artigo originalmente publicado no Portal da Cliente SA

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