Google e Facebook investem em empresas de drones com capacidade para voar durante anos sem pousar e fornecer internet ao planeta inteiro. Foto: Solara/Divulgação
Nos próximos 10 anos, a expressão “não sei” vai desaparecer. O mundo todo estará conectado, com internet banda-larga gratuita distribuída por drones, balões, ou microssatélites, e qualquer dúvida será resolvida quase instantaneamente. A previsão é do venezuelano José Cordeiro, professor da Singularity University, localizada em uma base de pesquisa da Nasa, no Vale do Silício (EUA). “Poderemos usar nosso cérebro para coisas mais importantes, mais interessantes e mais inovadoras. Para tarefas repetitivas, teremos os robôs e a inteligência artificial”, resume.
Esse futuro, explica, muda a forma como devemos encarar o conhecimento e a educação atualmente, e é um dos pilares a sustentar a Singularity, que coloca para si a missão de “educar, inspirar e capacitar líderes para aplicar tecnologias exponenciais para enfrentar os grandes desafios da humanidade.” Lá, os participantes – a instituição evita usar a palavra “estudantes” – conhecem as tecnologias de ponta desenvolvidas no Vale do Silício e são instigados a pensar em como elas serão aplicadas nos empreendimentos do futuro – todos com base tecnológica, utilizando inovação e criatividade. “As pessoas que chegam lá costumam ter quatro características: são experts em alguma área, mostram espírito empreendedor e capacidade de liderança e têm experiência internacional”, diz Cordeiro. Uma das perguntas feitas na seleção para o ingresso na universidade é “como você pretende mudar o mundo?”.
Não é por acaso que as palavras empreendedorismo e inovação foram as mais utilizadas pelo venezuelano e por quase todos os participantes do I Workshop Estácio Educação & Inovação, realizado na última quarta-feira na Universidade Estácio de Sá. Ex-secretário Nacional de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e atual reitor da Estácio, Ronaldo Mota resume: “A inovação é uma das chances de o Brasil ser sustentável. Temos de ser competitivos em todos os setores, e isso se faz formando pessoas inovadoras”.
Mota compara o passado e o futuro do processo educativo que deverá nortear os métodos das escolas e universidades do futuro. Para ele, aquele conteúdo que antes era segmentado e teórico tende a ser, cada vez mais, interdisciplinar e baseado em situações e problemas reais, e as avaliações individuais serão substituídas pela constatação da capacidade de realizar missões e trabalhar em equipe. O ensino, que antes era centrado no professor, se voltará para o educando, que tem autonomia para decidir onde, quando e como estudar. “O processo educativo se torna um fenômeno coletivo-cooperativo, ainda que preocupado com a individualidade do estudante”, diz o reitor, autor do livro Education for Innovation and Independent Learning (Educação para Inovação e Aprendizagem Independente, em tradução livre), escrito em parceria com David Scott.
Ele afirma que o professor não reduzirá a avaliação do aluno a simplesmente saber e não saber, porque o profissional do futuro não será medido por isso, mas por sua capacidade de enfrentar desafios e buscar respostas. “Temos que romper com a educação dependente e estimular a aprendizagem independente”, reforça.
“Não se dirá mais ensino presencial e a distância, apenas ensino”
Mota acredita que a autonomia do educando passa pela hibridização da educação a distância e presencial. “Se ele for fazer disciplina presencial, haverá um portal, se for fazer outra a distância, mesmo assim trabalhará em equipe”, explica. Para Pedro Graça, diretor de EAD da Estácio, a modalidade disponibiliza recursos que a presencial, por si só, não oferece. Por exemplo: é possível acompanhar mais atentamente aluno por aluno, vendo o que cada um está errando em cada exercício, quais as dificuldades e as facilidades, e adaptar o conteúdo às necessidades dele.
Diretor de Relações Corporativas e Sustentabilidade da Estácio, João Barroso destaca que o motor do crescimento das matrículas brasileiras no ensino superior é decorrente das instituições de ensino privadas, com grande impulso do EAD. Ele acredita que essas entidades serão imprescindíveis para que o País seja capaz de cumprir a meta 12 do Plano Nacional de Educação, que prevê elevar a taxa bruta de matrícula na Educação Superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos.
Sala de aula do futuro e gamificação
No evento, a Estácio apresentou algumas de suas iniciativas que buscam àquilo que considera ser a “universidade do futuro”. A instituição construiu um protótipo do que será a “sala de aula do futuro”, que conta com uma tela conectada desenvolvida na universidade e patenteada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Ela permite interatividade com outros dispositivos, gerenciamento remoto e troca de conteúdo colaborativo, com o objetivo de facilitar o uso de conteúdos multimídia e a interação com os estudantes, substituindo projetor, computador, tela e caixa de som. O mobiliário também foge do tradicional e é pensado para estimular a criatividade dos alunos. A sala está em teste, e a ideia é que, até 2020, chegue a todas as unidades da Estácio.
A instituição criou também uma pré-aceleradora, a Espaço Nave, com objetivo de fomentar o empreendedorismo de ex-alunos, oferecendo capacitação, mentoria e acompanhamento para ajudar a tirar projetos no papel. Além destes espaços, também fazem parte da Future Zone (Zona do Futuro), um Game Center – onde estão disponíveis jogos educativos que ajudem o estudante a aplicar o conhecimento do curso – e um Media Lab.
Adaptado via Porvir