A segunda entrevista do Especial sobre os desafios das IES (Instituições de Educação Superior), diante do aumento da demanda pelos Cursos de Especialização, tem como convidada Silvia Cima Bizatto – Diretora Sênior da Cogna Educação, Head da Platos, empresa do grupo responsável pelas operações de Pós- Graduação e Educação Continuada.

Nesta conversa com o Blog da Minha Biblioteca, ela sinaliza aspectos relevantes neste cenário de aprendizado contínuo – lifelong learning. Destaca a necessidade de ampliar a capacitação profissional para atender as atuais exigências do mercado de trabalho, a forte pressão no ticket médio dos cursos de Pós-Graduação Lato Sensu EaD e, também, como tem ocorrido a sinergia entre estes aspectos e o papel de todos os envolvidos no processo: gestores, docentes e estudantes.  

MB – Recentemente, as mudanças na Educação exigiram uma nova postura dos gestores, em relação às novas exigências do ensino-aprendizagem, inclusive a distância. Isso também aconteceu nos cursos de especialização?

Silvia Bizatto – Os últimos dois anos foram desafiadores em diversos aspectos, desde a migração de gestão de um time presencial ao trabalho remoto, à migração de alunos presenciais para o on-line, em questão de dias. Felizmente, nossa operação – ao longo dos três últimos anos que antecederam a pandemia – já estava direcionada para o desenvolvimento e melhora do nosso modelo EaD. Portanto, quando houve a necessidade de nos tornarmos uma operação 100% a distância, tínhamos já um excelente produto, com uma ampla quantidade de ofertas na Pós-Graduação, o que nos garantiu taxas crescentes de retenção e alunos concluintes ao longo deste período.

Em relação à captação e retenção, dois grandes desafios nos foram apresentados:

  1. A queda do poder aquisitivo do nosso público, sofrendo com os impactos econômicos da pandemia, fez com que houvesse uma forte pressão no ticket médio dos cursos de Pós-Graduação Lato Sensu EaD, principalmente para o nicho em que atuamos, endereçando esta questão tanto à revisão de valor, quanto de planos de pagamentos mais flexíveis, foram imprescindíveis.
  2. A jornada de ingresso, embora já contasse com estratégia e planejamento de mídia on-line, diante da impossibilidade de realização de ações comerciais presenciais nas diferentes cidades onde estamos presentes, precisou ser repensada, ainda com custos altíssimos de aquisição de alunos on-line. Contudo, neste ano, dado o aprendizado rápido e intenso que nos foi imposto pela pandemia, conseguimos baixar nosso custo de aquisição on-line em 60% e aumentar a participação do canal em 15 pontos percentuais versus 2020. 

MB – Podemos dizer que, pensando na carreira e capacitação, a busca pelo aprimoramento na formação se tornou prioridade neste período? 

Silvia Bizatto – A necessidade de melhor capacitação é cada vez mais acentuada e, com isso, a atualização e aumento do portfólio de cursos oferecidos cresceu para acompanhar essa maior procura, focando em áreas de conhecimento mais demandadas pelo mercado, como Saúde, Tecnologia, Transformação Digital e Analytics.

MB – Como foi direcionado o Plano da Ação para que os cursos de especialização ficassem mais atraentes?  

Silvia Bizatto – Através de um trabalho contínuo de medição e acompanhamento da satisfação do aluno (NPS – Net Promoter Score), priorizamos melhorias nos cursos como: aulas mais dinâmicas e práticas no EaD, aumento de 22% do portfólio de cursos, em 2021, e 50% no 1º semestre de 2022. 

Este processo envolveu também um grande trabalho com os professores, ao longo de 2020, 21 e 22, no que diz respeito a apoiá-los e prepará-los à uma nova realidade de produção de cursos a distância, com capacitações, ferramentas e suporte contínuos.

Uma das nossas estratégias foi o aumento de portfólio em 50% de 2021 para 2022, com investimentos no incremento da oferta nas áreas de Tecnologia, Saúde e Engenharia. Em relação ao formato, independente da pandemia, mas acelerado por ela, já tínhamos um projeto robusto de melhoria da experiência do aluno nos cursos EaD, passando pelo formato, duração de aulas, contato com os tutores, comunicação e customer service, automatizando serviços no ambiente do estudante e melhorando os prazos de atendimento.

MB – Pesquisa do Instituto SEMESP, de 2021, mostra que os estudantes que frequentaram um curso de especialização registraram um crescimento de 4,8%, em relação ao ano anterior, e o de graduação um recuo de 5%, no mesmo período. Estes números coincidem com o que aconteceu na instituição?  

Silvia Bizatto – Em 2021 crescemos 17% na base de alunos de Pós-Graduação, ou seja, uma expansão bem superior à do mercado, sendo este resultado obtido pelo fato de estarmos, já em 2020, preparados enquanto oferta e experiência do aluno no produto EaD, com uma plataforma que apresenta um NPS (índice de satisfação) de 86.

MB – Quais os cursos têm despertado a maior atenção dos estudantes quando pensam em especialização? Este interesse mudou para novas áreas?  

Silvia Bizatto – Temos um histórico muito forte na área da Educação e Gestão, por conta do portfólio existente, da demanda dos nossos próprios alunos formandos da Graduação e pelo mercado, que por muito tempo exigiu especializações na área de Gestão de Pessoas, Negócios e Projetos, para profissionais das mais diversas áreas do conhecimento. Hoje, dentro dos top 5 cursos mais procurados, temos ainda os cursos de Educação, Gestão e Engenharias.

“Há comprovadamente maior empregabilidade para alunos com uma Pós-Graduação no mercado de trabalho e, também, a existência de diversas ocupações que exigem a especialização lato sensu para atuação na área, principalmente nas de Saúde e Engenharias”

MB – O Censo 2020 apontou um crescimento nos cursos EaD em graduação. Esta mobilização se refletiu também na especialização?

Silvia Bizatto – Sem dúvida nenhuma. Já em 2017, embora a base de estudantes cursando uma especialização presencial fosse cerca de 2,5 vezes maior do que a EaD, esta modalidade já crescia a taxas muito maiores do que o presencial (CAGR – Compound Annual Growth Rate – de 11% versus 1,4%, respectivamente).

Identificando esta tendência, vínhamos nos preparando com um melhor modelo de ensino a distância desde então, da plataforma ao conteúdo, da jornada de captação e retenção à conclusão do curso. Hoje nas nossas Instituições temos 95% da base de alunos em especializações EaD e 5% no presencial. 

MB – Então hoje os cursos a distância podem ser considerados responsáveis por abrir novas portas para uma especialização? 

Silvia Bizatto – Sem dúvidas. E não apenas pelo custo, mas principalmente pela flexibilidade e facilidade de se estudar em qualquer horário e de qualquer lugar. O acesso ao ensino, nas mais remotas localizações do Brasil, não é mais um impeditivo para alunos que queiram continuar seus estudos após a Graduação.

O custo também é um fator, ainda mais se considerarmos que não há gastos de locomoção envolvidos também. Então não é só o fator da mensalidade, mas outros aspectos, como deslocamento e conciliação de trabalho versus horário de estudos.

MB – Hoje, os estudantes se sentem mais confiantes com o EaD, considerando a própria grade, as metodologias de ensino-aprendizado remoto e oportunidades no mercado de trabalho?

Silvia Bizatto – Quanto à satisfação dos estudantes, realizamos mensalmente a medição de NPS e constatamos um aumento constante deste índice, ao longo dos últimos três anos, praticamente dobrando a taxa de satisfação e crescendo também a taxa de conclusão do curso.

Além disso, há comprovadamente maior empregabilidade para alunos com uma Pós-Graduação no mercado de trabalho e, também, a existência de diversas ocupações que exigem a especialização lato sensu para atuação na área, principalmente nas de Saúde e Engenharias.

MB – Hoje as instituições privadas concentram 90% dos cursos de especialização, ainda segundo a pesquisa do Instituto SEMESP. Este cenário é passageiro?

Silvia Bizatto – Tende a mudar, mas devido ao custo e emprego de tecnologias, as IES privadas ainda devem manter a maior participação da oferta na modalidade.

MB – Investir em um curso de especialização é uma boa estratégia para o aprimoramento na carreira?

Silvia Bizatto – Sim, claro, embora o mercado de Educação passe por uma grande transformação e diversos formatos de cursos, regulados ou não, com duração diferenciada e modelos de entrega inovadores, a certificação por uma Instituição de Ensino ainda é uma garantia de qualidade acadêmica, reconhecida pelo mercado e que nivela o conhecimento ofertado ao discente.

*A opinião dos entrevistados não expressa, necessariamente, o posicionamento do Blog da Minha Biblioteca.

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