Hoje, 19 de maio, é o Dia Nacional do Acadêmico de Direito. Para comemorar a data e repercutir o impacto que a transformação digital dos cursos jurídicos está trazendo a este universo, o Blog da Minha Biblioteca conversou com Gustavo Henrique de Almeida, Mestre e Doutor em Direito e Coordenador do Curso de Direito da FAMIG (Faculdade Minas Gerais).
Para ele, a adaptabilidade é uma virtude indispensável atualmente. “Essa é a característica que deve existir em todos, docentes e discentes, principalmente diante da incorporação da tecnologia no processo de ensino-aprendizagem”. Confira a entrevista.
MB – Como você enxerga o impacto da Tecnologia na Educação Superior?
Gustavo H. de Almeida – Ela está presente na vida das pessoas em todas as suas dimensões. Não poderia ser diferente na Educação. Vista como aliada, a tecnologia agrega valores formativos aos educandos e impulsiona a transformação digital na sociedade.
MB – Especificamente nos Cursos de Direito, você considera que esse impacto é ainda maior? Pode exemplificar, na prática, como isso ocorre?
Gustavo H. de Almeida – O Direito caminha a reboque da sociedade. Os cursos de Direito da mesma forma. Se a tecnologia se faz presente no dia a dia das pessoas, consequentemente também o faz no Direito e nos cursos jurídicos.
A tecnologia na vida profissional do jurista exige dos cursos a assunção da tecnologia na vida acadêmica, de tal sorte que os alunos exercitem nas faculdades o que devem fazer quando formados. Além dos diversos sistemas processuais eletrônicos, vigentes no país, outros são utilizados pelos profissionais e devem ser de domínio dos discentes, tais como sistemas cartorários, penais, dentre outros.
A pandemia teve importante papel da introdução dos recursos tecnológicos na Educação Jurídica pois, além das aulas remotas, as atividades também passaram para o mundo virtual, acompanhando a lógica do home office.
Como consequência de todo o impacto causado pela tecnologia, alguns sistemas foram criados para facilitar as atividades específicas do curso de Direito, como é o caso do Núcleo de Prática Jurídica Eletrônico – NPJ-e, que permite aos alunos realizarem a prática jurídica em ambiente específico para tal fim.
MB – Muitos defendem que o papel do docente mudou, que agora precisa facilitar o processo de aprendizagem dos estudantes, para que o conteúdo disponível na internet faça sentido. Passou a ser um curador de conteúdo. Você concorda?
Gustavo H. de Almeida – Sem dúvida. Atualmente os professores são gestores do conhecimento. Em tempos pretéritos, os docentes encerravam em si o conhecimento que disseminavam nas salas de aulas. Considerando a dificuldade de acesso às informações, que existia no passado, os professores eram a personificação do conhecimento. Atualmente, com a tecnologia, a informação está na palma da mão. O professor é o gestor dessa informação para, por meio de metodologias adequadas, transformá-la em conhecimento.
MB – Como define a performance e responsabilidade do docente hoje?
Gustavo H. de Almeida – O professor, gestor do conhecimento, passa a ter a responsabilidade por criar a trilha, o percurso formativo que os alunos percorrerão no processo de ensino-aprendizagem. Cabe ao docente tornar as experiências pedagógicas extraordinárias e genuínas para que os estudantes possam se apropriar do conhecimento.
MB – Quais as melhores ferramentas tecnológicas que podem ajudar o docente a enriquecer seus conteúdos, dentro e fora da sala de aula, e engajar os estudantes nas modalidades presencial, EaD e híbrida?
Gustavo H. de Almeida – São aquelas que permitem o exercício da atividade profissional de forma simulada ou real. Ou seja, possibilitam ao discente a aplicação prática do que se aprende na teoria. Nada melhor para engajar estudantes do que a prática, o que se convencionou chamar de learning by doing.
MB – Recentemente, você afirmou, em uma palestra, que o cenário profissional da área jurídica está em transformação, pela adoção de ambientes virtuais de trabalho. Pode detalhar melhor como isto está ocorrendo?
Gustavo H. de Almeida – Uma das formas de encarar o mundo virtual é reconhecê-lo como uma extensão do mundo físico. Isso significa dizer que novos espaços surgem no mundo virtual e, consequentemente, novas oportunidades de trabalho e estudo. Ocupar esses espaços é o caminho natural dos profissionais e dos estudantes, na busca por oportunidades. A presença no mundo tech permite o exercício de novas carreiras, como a Engenharia Jurídica, a Gerência de Privacidade, Analista Jurídico, dentre outros.
“A velocidade no acesso, atualização do acervo, a mobilidade e a multiplicidade das ferramentas de busca me parecem ser as melhores características da biblioteca digital que vem ganhando, merecidamente, muito espaço”
MB – Os processos para autorização de cursos de Direito EAD no Brasil ainda estão em andamento no MEC. Por que essa demora? Há previsão de que o curso entrará em vigor, em breve, em alguma IES?
Gustavo H. de Almeida – Não há impeditivo normativo ou técnico que obstrua a autorização de cursos de Direito na modalidade EAD. O que falta é coragem do Ministério da Educação em fazer cumprir a lei.
MB – Sobre o uso da tecnologia nas IES, um dos recursos são as bibliotecas digitais, vistas como ferramentas de estímulo ao estudo para os universitários, com acervo compatível com a bibliografia básica e complementar. Quais são, em sua visão, os benefícios desse tipo de plataforma?
Gustavo H. de Almeida – Com a biblioteca digital há disponibilidade de um exemplar de todo o acervo para cada estudante. O que seria impossível em uma biblioteca física. Além disso, a velocidade no acesso, a atualização constante do acervo, a mobilidade e a multiplicidade das ferramentas de busca me parecem ser as melhores características da biblioteca digital que vem ganhando, merecidamente, muito espaço.
MB – Quais as tecnologias que a FAMIG adota hoje no Curso de Direito? Quais os diferenciais da instituição?
Gustavo H. de Almeida – Além das bibliotecas digitais, temos o Núcleo de Prática Jurídica Eletrônico, sendo este NPJ-e incubado no curso de Direito quando da sua criação.
MB – O que esperar, quando se pensa em ensino-aprendizagem, tecnologia e postura do docente e do estudante de Direito?
Gustavo H. de Almeida – Adaptabilidade. Essa é a característica que deve existir em todos, docentes e discentes, principalmente diante da incorporação da tecnologia no processo de ensino-aprendizagem. O mundo está em constante transformação. Se não nos adaptarmos seremos cada dia menos professores, cada dia menos alunos e profissionais competentes.
*A opinião dos entrevistados não expressa, necessariamente, o posicionamento do Blog da Minha Biblioteca.
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